Adam Wild - 5 e 6 Lagos e A Suprema Catástrofe

 

Capa de Adam Wild 6 publicada pela Editora Saicã

ESSE TEXTO CONTÉM SPOILERS

Adam Wild sai da Inglaterra com uma missão: ir até a África do Sul investigar o tráfico de diamantes, porém antes dele findar essa longa viagem de barco, ele precisa parar em Lagos, onde atualmente fica a Nigéria. Lá ele descobre um informante da rainha britânica e chefe do local chamado Príncipe que nesse momento disputa o território com Baba, um cruel líder religioso que segue uma interpretação do Yorubá com uma influência islâmica. Wild pretende tanto encerrar a exploração sexual de mulheres praticada por Príncipe quanto encerrar o reino de terror de Baba, se ele conseguir sobreviver, claro! Esse arco foi publicado nas edições 6 e 7 de Adam Wild, um fumetti da Sergio Bonelli Editore que saiu no Brasil pela Editora Saicã em março de 2023. 

O roteirista italiano Gianfranco Manfredi traz a história mais violenta que eu li desse personagem título. A trama se desenvolve a partir de vilões em que Adam precisa se associar com o menos pior e que a sua típica ousadia o coloca num conflito com muitos mortos. Manfredi utiliza como base a lei Yorubá que diz que um filho não pode assumir um poder enquanto o pai estiver vivo, o que facilmente me remeteu ao conflito edipiano explicado por Freud. O psicanalista que utilizou como fontes várias referências ocidentais para explicar o fundamento da formação do inconsciente, também poderia acrescentar essa lei entre as mesmas. É interessante perceber o conflito emocional acentuado em Príncipe com um misto de medo e admiração por seu pai Baba, levando a Adam Wild definir a situação queimando aquele vivo, na cena mais atroz vista na série. Além disso, Manfredi trouxe um embate entre exércitos com muito sangue espirrando e corpos no chão entre os dois lados da disputa. Um outro aspecto que me chamou a atenção é a maneira como o roteirista procurou se afastar do clichê do branco salvador trazendo a disputa entre dois personagens de mesma etnia mas que tinham uma visão diferente de lidar com as pessoas, fazendo com que Wild estivesse ali como um instrumento, ainda que ele fosse motivado por uma tradição do pensamento ocidental.

Página interna do fumetti Adam Wild 16 publicado pela Sergio Bonelli Editore

Esse arco também é aguardado pelos brasileiros por ser desenhado pelo paulista Pedro Mauro que tem um toque realista, carregado nas hachuras que traz excelentes quadros. Mauro é daqueles artistas que fogem do habitual não só pela qualidade do traço mas pelos ângulos inusitados das suas cenas, fazendo com que a trama seja mostrada por diversas perspectivas. A expectativa gerada quando a Editora Saicã anunciou que o título o traria como um dos desenhistas valeu a pena, já que esse é um artista completo em detalhes, movimento dos personagens, perpectiva da cena e narrativa. 

Adam Wild Lagos e A Suprema Catástrofe é uma ótima história, que além do impacto da violência da trama, mostra um pouco da complexidade do continente africano no que se refere a como pessoas de mesma etnia lida com seus costumes e como a influência européia e asiática estão presentes no continente,,l exercendo tanto uma influência político-social quanto religiosa. A leitura só não foi ainda melhor pela minha dificuldade em alguns momentos de identificar todos os personagens mencionados, fazendo com que eu perdesse a compreensão de alguns detalhes. 

Página interna do fumetti Adam Wild 17 publicada pela Sergio Bonelli Editore

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