ESSE TEXTO CONTÉM SPOILERS
Entre a primeira história do Astronauta para o selo Graphic MSP e essa, passaram 10 anos no mundo real. O sucesso da primeira edição dessa adaptação possibilitou a viabilidade de outros álbuns. Se a proposta inicial do Selo seria histórias completas, Astronauta não conseguiu se ater a isso. Por isso essa história une todas as pontas soltas deixadas pelas cinco edições anteriores e conclui essa grande epopeia. A Editora Panini publicou em novembro de 2022 esse quadrinho.
Logo de início temos todos os Astronautas dos universos paralelos em cena: o habitual que a gente já acompanha desde a primeira edição, aquele que é casado com a Ritinha e possui uma filha adolescente e o vilão paranóico que decidiu sair pelos universos à fora para aprisionar cada Ritinha deles. Agora todos eles estão no universo do primeiro Astronauta e lá irá haver o confronto definitivo que pode comprometer esse multiverso.
Com a proposta de concluir a aventura desenvolvida em cinco edições com o personagem, o quadrinhista paulista Danilo Beyruth traz uma vasta sequência de ação que ocupa boa parte da obra. Por isso a leitura fica bem dinâmica, o que acabou comprometendo os argumentos e fez com que os diálogos perdessem a mesma densidade das edições anteriores. Isso fez com que a leitura não ficasse tão divertida quanto as edições anteriores.
O que eu acho mais interessante no título é que "Convergência" não se refere apenas a fazer com que os diversos personagens sigam em um ponto em comum. O título também refere-se a essência de toda a trama, que pode se resumir a um único sentimento: solidão. A dedicação do Astronauta a sua profissão faz com que não sobre tempo para as suas relações com outras pessoas fora do seu trabalho, algo que a sua mente sente falta. Contudo o personagem aprendeu a negar essa sensação e a sua aventuras espaciais evitavam que ele pensasse profundamente a respeito desse assunto. Contudo ao encontrar realidades alternativas, havia ali algo em comum: Ritinha. A decisão de estar com ela ou de estar distante trouxe duas versões opostas. Inclusive teria sido interessante se o personagem tivesse sido mostrado refletindo sobre isso.
A mencionada negação é um mecanismo de defesa freudiano, além desse podemos perceber nessa história um outro, chama-se racionalização. Isso ocorre quando atribuímos uma resposta "racional" que justifique a decisão de a gente não lidar com a nossa demanda emocional, tipo "se eu me concentrar no meu trabalho, não preciso sofrer com essa carência". Astronauta tem a convicção de que tudo está bem e chega a achar um exagero ter que fazer testes psicológicos para avaliar o seu estado emocional. Quem sabe se ele tivesse aceitado refletir sobre si com a ajuda da profissional designado para isso ele não tivesse tanta destruição e o sacrifício de um major. É bem verdade que psicoterapia não é a cura para todo mal, mas o fato é que fugir dos próprios sentimentos também não é.
Astronauta Convergência consegue amarrar bem as pontas soltas apresentadas nas cinco edições anteriores numa longa narrativa de aventura. É uma pena que isso tenha sacrificado os argumentos que vinham sendo tão bem trabalhados em outras edições. Quem sabe se houvesse uma reflexão sobre o crescimento pessoal do personagem quanto aos seus sentimentos teria possibilitado uma conclusão ainda melhor. Apesar disso essa é uma ótima história a ser lida, desde que você tenha lido as cinco histórias anteriores.
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