Júlia aventuras de uma criminóloga - 19 e 20 Os Filhos do Sol e Céu Negro

 

Capa de Júlia aventuras de uma criminóloga 19

Júlia é informada que pessoas cometeram suicídio simultaneamente e indícios mostram que isso tem a ver com uma seita de culto ao Sol. Uma religião que fascina dezena de pessoas e o seu líder consegue exercer controle tamanho em seus súditos que eles são capazes de tudo, inclusive de tirar a própria vida. Agora Júlia Kendall e a polícia de Garden City precisam descobrir onde essas pessoas se encontram para impedir novas mortes. A Editora Mythos publicou esse arco em duas edições em abril de 2021. 

O argumentista Giancarlo Berardi escreveu os textos dos quadrinhos a partir do roteiro de Maurizio Mantero que traz como destaque na primeira parte a maneira como a protagonista explica o fanatismo e os elementos que podem levar isso a crimes. A trama inicial é baseada na investigação com tudo envolto em muito mistério.

Página interna de Júlia aventuras de uma criminóloga 19

Ainda que a história tenha sido publicada em 2000, ela relaciona-se muito com essa era tão dominada pela intolerância típica da extrema direita que está espalhada pelos quatro cantos do mundo. Isso porque um valor tão significativo quanto a religiosidade pode ser apropriado para atrair muita gente e isso servir para executar projetos de poder. Isso leva a um envolvimento tal que as pessoas não percebem a contradição de ideias que, ao mesmo tempo em que utiliza do nome de Jesus Cristo, impõe valores de intolerância e individualistas, exatamente o oposto dos ensinamentos desse líder.

 A obra consegue mostrar como esse método é utilizado. É bem verdade que na vida real essa manifestação política não vem induzindo ao suicídio direto como nessa história mas é possível refletir sobre os limites entre o que é uma manifestação de fé e quando há apenas uma manipulação deliberada conhecida como charlatanismo. A fascinação que líderes religiosos despertam possibilita que eles sejam vistos como se tudo o que eles dizem fossem a vontade de Deus, o que retira a capacidade das pessoas de desconfiarem ou se auto-indagarem a respeito de atitudes contrárias a essência daquela religião, já que questionar esses líderes é visto como um sinal da "influência do poder maligno" entre os seus adeptos. 

Os desenhos são do argentino Enio Legisamón que conta com algumas páginas feitas pelo italiano Valerio Piccioni. Um estilo de traço bom mas que não tem grandes destaques e mantém o padrão de qualidade dos quadrinhos da Bonelli. Entretanto  eles conseguem traduzir bem a feição carismática e até frágil do vilão, uma aparência que engana até o leitor quanto a crueldade das suas ações. Esse personagem é melhor explicado na segunda parde que tem como destaque o final em que após uma investigação bem parada, mostra uma série de acontecimentos impactantes, daqueles que se seguem se tal forma que é como a gente sair de um pesadelo para entrar em outro. 

Júlia aventuras de uma criminóloga 19 e 20 traz um arco interessante devido ao enredo que mostra a  contradição de um líder religioso que inspira uma devoção em prol da salvação mas que utiliza dessa habilidade para propagar diversos crimes para satisfazer seus interesses pessoais, com toda a frieza de quem não se importa com a vida humana, apesar da maneira como se apresenta. Uma história que vale muito tanto pelas explicações sobre como essas pessoas agem quanto pelo final arrebatador que faz com que seja uma das histórias difíceis de esquecer. 

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Página interna de Júlia aventuras de uma criminóloga 20


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