Top 5 e Menções Honrosas 2022

 


Quando eu estava olhando os quadrinhos que eu li esse ano no meu perfil do Instagram, eu me dei conta que li tão poucos quadrinhos lançados esse ano que nem dá pra fazer um Top 10 como eu vinha fazendo mas apenas um Top 5. Por outro lado, as menções honrosas, que são quadrinhos lançados em anos anteriores mas que só li em 2022, ficou uma lista maior e muito mais interessante. Isso me fez pensar o porquê disso. Por isso, não tem como eu deixar de fazer algumas reflexões antes de mostrar o meu Top 5 e minhas Menções Honrosas. As duas listas não possuem critérios técnicos mas são como esse material mexeu comigo e apenas o Top 5 tem uma ordem crescente de preferência. Como novidade eu inseri link de compras ao final do comentário de cada quadrinho, cujo texto mais explicativo possui o link que você acessa clicando no título do quadrinho. 

O Brasil se aprofunda numa tendência de publicar quadrinhos para um público que, por apreciar a nona arte e ser bem sucedido exige uma grande qualidade editorial. Porém a cada ano que passa eu me distancio ainda mais desse público financeiramente. Por isso eu acabo comprando quadrinho disponíveis com descontos maiores e portanto que estão há mais tempo a venda. As editoras mantém-se vendendo para um público cada vez menor e goumertizado, não sei se um dia isso será um problema real já que em todos os anos se faz alarde sobre isso e mais editoras aparecem para atender o mesmo perfil de público, aos demais leitores resta, assim como eu, esperar a edição ficar com preço acessível. 

Um outro fator que também influenciou para que eu comprasse menos lançamentos foi eu ter me afastado do YouTube. Eu não me atraio mais por vídeos que duram entre 20 minutos a uma hora que dão todos os detalhes incluindo como a capa será impressa ou sobre o material que faz a lombada brilhar. O meu uso do YouTube em quadrinhos está voltado para notícias ou em raros momentos em que um tema de um vídeo AoVivo é interessante. Ultimamente eu acesso diariamente o tik tok e por lá eu conto nos dedos de uma mão quem eu encontrei que faz conteúdos para a plataforma interessantes sobre esse tema. Há gente ainda que pensa que tik tok é aplicativo de dancinha (quando comecei a usar, já não era), ou que apenas mostrar imagens com um fundo de música de rock é suficiente e ainda há quem coloque cortes do YouTube pra que a pessoa veja por lá o enorme vídeo inteiro. O tik tok continua praticamente abandonado quanto a produtores de conteúdo voltado para usuários da plataforma. 

Isso fez com que esse ano eu não tivesse interesse nos lançamentos e somado a isso tem os atrasos na entrega de alguma campanhas de financiamento coletivo. Por isso, que a minha lista de Menções Honrosas está muito melhor que o meu Top 5. 

De qualquer maneira, vamos pra elas: 

- Melhores de 2022 - 

5 - Caio Oliveira Ônibus publicado pela Editora Skript. Caio finalmente ganha uma coletânea que abrangeu a sua diversidade temática e disponibilizou de maneira impressa diversas tirinhas que fizeram e fazem sucesso nas redes sociais. Seria ainda melhor se a Editora aproveitasse o tamanho do formato magazine pra publicar mais tiras por página. 

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4 - Jun publicado pela Pipoca e Nanquim. O manhwa que traz a história fascinante de um músico sul coreano com Transtorno do Espectro Autista. A história em si é mais interessante que a narrativa utilizada. A autora parece ter evitado o lugar comum de romancear demais a vida do protagonista e com isso acabou abrindo mão de como trabalhar a intensidade emocional de alguns momentos da vida do artista na obra. 

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3 - Something is Killing the Children publicado pela Editora Devir. A Editora traz na capa o título em inglês e em português mas acaba enfatizando o título em inglês sem nenhum motivo para isso. Esse é um quadrinho que me surpreendeu muito positivamente, tanto pelas situações assustadoras apresentadas no roteiro, quanto pelo estilo do traço que acrescentou narrativamente. 

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2 - A Saga do Demolidor 1 publicado pela Editora Panini. Sim, é um encadenado que traz uma fase dos anos 80, porém que saiu incompleta no Brasil. Essa edição por exemplo é composta por uma maioria de histórias inéditas. Eu gosto do fato da roteirista captar a essência dúbia do Demolidor e colocar em conflito com os contrastes sociais da vida urbana indo além da óbvia luta do herói contra o vilão. 

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1 - A Outra História do Universo DC publicada pela Editora Panini. Sempre quando se fala em Super-Heróis é comum relacionar o gênero a alienação e fazer diversos questionamentos sobre como eles estão há décadas ignorando os problemas reais do mundo. Através de personagens com menores destaques no Universo DC, o autor consegue resgatar a importância deles nos principais acontecimentos dessa realidade, fazendo críticas pertinentes sobre como as minorias são tratadas. É um quadrinhos com muito texto mas escrita por quem sabe utilizar a escrita de maneira agradável. É inútil querer ignorar a diversidade no Século XXI e eu acho que esse quadrinho pode ser utilizado como uma das referências sobre como a empresa pode utilizar o assunto dentro e fora dos quadrinhos. 

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Menções Honrosas:

Teocrasilia Volume 1 publicado pela Editora Guará. Que bom saber que hoje a gente pode classificar essa história como ficção! O rumo que o Brasil vinha caminhando estava levando essa história a ser uma assustadora profecia. Essa HQ é um registro de uma época em uma série que ainda não se encerrou. 

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Black Science Volume 4 publicado pela Editora Devir. Eu já estava satisfeito com a série mas nesse volume a narrativa explorou outras dimensões que me surpreendeu, deixando-me ainda mais encantado com a história. 

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O Chamado de Mpoue publicado pela Editora Skript. A diversidade africana possibilita que a gente tenha contato com narrativas surpreendentes. Uma história que utiliza de elementos da cultura camaronesa e que aparentemente é uma simples história de terror nos surpreende por colocar o leitor numa direção e fazer com que ele saia em um lugar completamente diferente no seu gênero narrativo. 

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Imortal Hulk 10 publicado pela Editora Panini. Aqui conclui a fase de Al Ewing para o Gigante Esmeralda. Entre tropeços e acertos, valeu conhecer a forma ousada com que o roteirista tratou o personagem, para concluir ele deixa um gancho narrativo que é uma verdadeira bomba por modificar a relação do personagem com um dos seus vilões. 

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Carniça e a Blindagem Mística publicada por Shiko de maneira independente. Através de uma relevante pesquisa, o autor traz o lado de mulheres no Cangaço nordestino sem transformar os personagens em algo que a gente possa facilmente enquadrar como heróis ou vilões, isso se soma a uma narrativa hipnotizante com excelentes desenhos. 

Entre em contato com a lojinha do artista


Jeremias Alma publicado pela Editora Panini. A primeira Graphic MSP do personagem foi laureada com um Prêmio Jabuti, porém esse segundo quadrinho me tocou mais. A constatação de Jeremias não saber nada dos seus ancestrais e a dificuldade em buscar alguma informação sobre isso fez com que me identificasse. 

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Notas Sobre Gaza publicada pela Companhia das Letras. É fascinante um quanto um jornalista é capaz de se arriscar para cobrir a história de uma catástrofe ao mesmo tempo que ele relata as dificuldades em entrevistar palestinos na Faixa de Gaza. 

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A Marcha Livro 3 publicada pela Editora Nemo. Finalmente li o final dessa trilogia que conseguiu fechar de maneira emocionante a trajetória do senador estadunidense John Lewis com uma história sobre a dificuldade de garantir a participação democrática no país vendido como a "terra da liberdade". 

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Bendita Cura publicado de maneira independente por Mário César e que eu li na plataforma Social Comics. A trilogia que conta várias etapas da vida de um personagem que passou por "tratamentos" para que ele mudasse a sua sexualidade para tornar-se uma pessoa hetero normativa. Considero que a importância desse quadrinho vai além dos leitores da nona arte, ele seria muito importante em estar nas faculdades de psicologia para fazer com que alunos entendam de como era ser impedido de expressar a sua sexualidade e ser tratado como uma pessoa doente. 

Acesse a plataforma clicando aqui


Crianças Selvagens publicado pela Editora Mino. O selo Narrativas Periféricas traz umas pérolas e essa é uma delas. Quadrinhistas iniciantes da periferia paulista tem o seu talento lapidado em um curso gratuito e um dos resultados é esse quadrinho que traz uma dura realidade de crianças obrigadas a muito cedo a se virar pra sobreviver.  

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