Nove raças alienígenas decidiram que a Terra era uma ameaça em potencial por produzir uma grande quantidade de seres superpoderosas. Assim elas se uniram para resolver esse problema pela raiz e ameaçaram o resto do Universo a não interferir naquilo que eles decidiram. Além de destruir a equipe cósmica Omega Men, eles prenderam Adam Strange e, ao chegar a Terra, ocuparam em segundos todo o espaço da Oceania concentrando-se na Austrália. Em seguida, eles deram um ultimato à população terrestre: entregue todos os seus heróis ou iremos fazer o mesmo com os demais continentes. Essa maxi-série foi publicada pela primeira vez em novembro e dezembro de 1990 e janeiro de 1991 pela Editora Abril em formato de mini-série em três edições, porém a sua repercussão esteve presente em todas as revistas mensais da DC publicadas na época. A Editora Panini fez a republicação mais recentes num encadernado de luxo em outubro de 2023.
Essa obra tem três partes bem distintas seja pelos desenhos quanto pelo roteiro. O roteirista Keith Giffen inicia de maneira impactante e tem o grande mérito de conseguir marcar bem cada uma das raças para o leitor sem precisar fazer mapeamento ou ficha de raças. O roteirista consegue resumir todas elas e no decorrer da história vai dando os detalhes necessários para a compreensão das mesmas. Se você já leu outras histórias com várias raças alienígenas sabe o quanto é difícil a trama NÃO ficar tão confusa como um Game of Thrones.
A primeira parte, além de apresentar a aliança alienígena, mostra o quanto o plano da mesma foi feito para dar certo e consegue imprimir um clima de pessimismo, ainda que a história consiga mostrar a complica convivência que se estabelece quando raças autoritárias e sem pudor moral estão juntas, mesmo com todo o poder bélico, o desprezo a diplomacia tende a gerar conflitos internos num grupo tão heterogêneo. A segunda parte centra-se na reação dos heróis a esse acontecimento e aí é que o argumento de Bill Mantlo peca. Nessa época Giffen estava no auge da sua popularidade com a hilária Liga da Justiça Internacional por isso é possível que o seu roteiro já viesse com piadinhas, porém Mantlo é conhecido pelas tramas enormes com muitas aventuras e parece que no início da segunda parte essa conexão não ficou bem estabelecida. Isso porque o diálogo inicial com os heróis é horrível e até o início das lutas eu senti muita vergonha alheia, isso sem mencionar que esse embate heróis versus alienígenas é resolvido de maneira muito fácil, frustrando toda a tensão inicial, isso até meados da segunda parte que a metade final a trama melhora muito. A terceira parte traz um novo desafio que surpreende o leitor e gerou consequências no Universo DC durante alguns meses.
Keith Giffen além do roteiro fez os esboços dos desenhos de toda a série. O desenhista de toda a série deveria ter sido Todd McFarlane e essa é uma situação que afeta a narrativa do quadrinho. Isso porque ele desenha toda a primeira parte e consegue trazer o impacto à altura do roteiro, isso sem mencionar que eu particularmente nunca vi um domínion desenhado tão bem quanto o dele. Na segunda parte ele já não participa mais e o Giffen resolve tocar o barco. Contudo o seu estilo não combina em nada com a impacto dramático e aventuresco do roteiro. Com traços arredondados, seus personagens combinaria bem mais numa trama de espionagem ou humor. Talvez por isso na terceira parte quem assume é Bart Sears que melhora bem o constrangimento da segunda parte mas que não consegue suprir a saudade que o traço que o McFarlane deixou.
Esse evento é um tipo de supersaga feita pra levar o leitor a ler não só a saga principal mas as diversas histórias complementares que foram publicadas nas revistas mensais da DC da época. A história principal consegue levar bem na primeira e terceira parte sem esses complementos mas a segunda parte o leitor perde o melhor, já que são o desenrolar dos diversos embates que são interessantes e a história principal traz apenas o resultado de cada um deles. Nesse caso o melhor seria ter feito um encadernado maior com essas histórias derivadas da série principal que são importantes para a trama. Um destaque da obra é o conceito de metagene anunciado nessa saga já que ficou relevante para a cronologia do Universo DC.
Invasão é uma excelente saga pela forma como o enredo é desenvolvido, com situações sendo resolvidas de maneira interessante. É uma pena que os desenhos tenham ficado comprometidos pela não continuidade do desenhista inicial e dos substitutos estarem distantes do seu estilo. Contudo essa foi uma saga que, além de ser bem escrita, deixou repercussões significativas para o Universo DC durante alguns meses, além disso conseguiu consolidar raças alienígenas, facilitando que fossem utilizadas em outros momentos, já que conseguiu definir cada uma delas de forma bem clara ao grande público. Apesar de ser um quadrinho cheio de referências a acontecimentos da época, ele traz uma trama principal que consegue ser por si muito interessante e por isso pode ser apreciada por quem não lia quadrinhos naquela época.
Destaque da obra:
Difinido o metagene como responsável pelo desenvolvimento de poderes nos humanos.
Ficha técnica:
Publicado em: abril de 2020
Licenciador: DC Comics
Categoria: Álbum de Luxo
Gênero: Super-heróis
Status: Título encerrado
Formato: Americano (17 x 26 cm)
Colorido/Capa dura
Preço de capa: R$ 139,99
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