Comic shops serão os novos sebos

 


Estou vendo algumas comic shops aos poucos transformando em sebos. Longe de isso ser uma ironia mas talvez essa seja a melhor opção antes de fechar o estabelecimento. 

A maior parte das Editoras brasileiras fizeram a opção de trazer um formato de luxo agradável a um público que tem fácil 2000 reais mensais disponível apenas para compra de quadrinhos. Esse provavelmente é o perfil de quem vem mantendo o mercado e as Editoras se esforçam para agradar as exigências desse público específico. Esse texto é cheio de "provavelmente" e "talvez" porque não tenho acesso a nenhum dado concreto mas é baseado apenas em como eu enxergo a atual fase em que o mercado de quadrinhos está. 

O problema é que esse perfil de público que é o que consome a maior quantidade de quadrinhos por ano não deve ser além de 5000 pessoas. Assim as Editoras brasileiras pensam nos seus produtos para agradar esse nicho em vez de tentar atrair um público leitor ainda resistente aos quadrinhos mas que poderia se interessar por temáticas específicas abordada nos diversos quadrinhos existentes. 

Esse público que está consumindo quadrinhos hoje prefere comprar em plataformas digitais. Primeiro porque é um público que já sabe o que quer comprar sem precisar folhear a obra e depois porque o preço de capa já leva em consideração que o produto vai ter 30% de desconto quando estiver disponível pra venda nas plataformas digitais. Porém essa mesma facilidade é impraticável para as comic shops fora da cidade de São Paulo porque elas precisam pagar para o distribuidor que entrega os quadrinhos na loja e conta com um público bem restrito nas cidades onde estão localizadas. 

Por isso, considerando que o tempo mostra que a concorrência é impraticável, só resta a oferta de outros produtos: quadrinhos usados! As maiores plataformas digitais que vendem quadrinho usado trazem preços assombrosos e também exigem um alto preço de frete. 

As comic shops começam a perceber que eles sabem precificar, podem ter acesso a quadrinhos usados e comunicam-se com um público que não tem dinheiro pra comprar edição de luxo e muito menos tem interesse em comprar o formato horrível e desconfortável que é o Omnibus.  Para mim, essa é uma solução bem agradável e que precisa ser avaliada para que o país consiga manter esses pontos de cultura presencial num mundo que se impõe virtual. 

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