Iemanjá - o mangá piauiense sobre a Deusa das Águas

 Cristiano sofreu recentemente grandes perdas em família e, por isso teve que se mudar sozinho para casa de uma tia; chegando lá ele descobre que ela tinha uma dívida com um traficante, para o seu alento ele invoca sem querer Iemanjá para salvá-lo e agora ele vai iniciar uma jornada para resolver os problemas que a sua vida lhe colocou. Tyciano S. Miranda lançou esse mangá em dezembro de 2021. 

A obra contou com o apoio financeiro da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc. Um recurso federal destinado aos governos estaduais para financiar obras de artistas ou meio culturais que ficaram sem dispor de renda durante a pandemia de Coronavírus. O autor inscreveu o seu projeto e conseguiu ser contemplado. 

Nos quadrinhos, essa é a primeira obra de Tyciano. Ele faz um roteiro bem impactante mas que faz questão de aliviar com o humor das situações exageradas típicas dos mangás mais populares, algo que eu particularmente não gosto mas que é uma característica apreciada pelos leitores desse estilo narrativo ao redor do mundo. É exatamente no roteiro que o autor se destaca seja pelos diálogos quanto pelo desenvolvimento das situações. Na história há a breve aparição de outros deuses e Exus, um gancho que pode ser aproveitado para construir outras histórias. Eu gosto do fato de como o roteiro brinca com a Deusa das Águas aparecem justamente na única capital sem praia do Nordeste. 

É bem verdade que essa obra é a estreia do autor e isso eu procuro levar isso em consideração na minha leitura. Há furos no roteiro mas são problemas que o autor pode resolver com a experiência em continuar fazendo quadrinhos. O traço de Tyciano parece que ainda está definindo o seu estilo, nesse mangá há na mesma cena personagens com um estilo mais cartunesco e outros mais realista. O que me incomodou foi a insistência no uso de personagens de perfil, espero que ele se dedique ao desafio de desenhar rostos em diversos ângulos, já que rostos de frente não parece ser um problema para ele. Os quadrinhos coloca os artistas em situações bem inusitadas e não tem outro meio, é preciso que ele se aperfeiçoe em elementos que ele não gosta necessariamente. Um outro exemplo disso é quando ele representa seus veículos, um outro aspecto que pode ser aperfeiçoado. Eu acredito nisso porque a maior parte do quadrinho traz um ótimo traço eu faço um destaque particular como são representados os deuses e Exu. 

Iemanjá mostra um autor que tem talento para construção de roteiros e que fez a ótima escolha em trazer personagens da cultura de matriz africana. É inegável que ele possui um belo traço mas que possui elementos que precisa aperfeiçoar. A insistência em permanecer como quadrinhista pode dar a ele a experiência necessária para corrigir alguns detalhes já que o mais complicado que é o talento para escrever e desenhar, ele já possui. Esse é um mangá que diverte principalmente ao leitor habitual desse estilo. 


Instagram do autor


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