Orixás é uma série em quadrinhos que já é consagrada pela crítica e carrega consigo diversas premiações mesmo enfrentando o desafio de ser independente. Essa edição traz a primeira história publicada como série em 2011. O paulista Alex Mir fez os roteiros que é desenhado pelo paulista Caio Machado e colorido e arte-finalizado pelo português Omar Vinole.
Como primeira edição, o roteiro versa sobre a origem da própria existência. A partir do nada surge Olorum, o Deus supremo e esse vai criar os demais deuses, os Orixás que viviam em Orum, uma espécie de paraíso. O primeiro dos deuses criados por Olorum foi Oxalá que recebeu a missão de constuir terra firme em Ayê, que é a Terra. Numa disputa entre irmãos, a missão acabou sendo cumprida por Ododua. Olorum fica decepcionado com Oxalá mas mesmo assim atribui a ele a complicada missão de criar seres pra povoar a Terra.
Grande parte dos acontecimentos dos quadrinhos vêm da leitura dos ensinametos do candomblé e é possível ver semelhanças não só com a história da origem do mundo dita pelos cristãos como similaridades com outras culturas. A história traz deuses como personagens mas que possuem um comportamento guiados por emoções bem típicas de quaisquer mortal, assim inveja, hedonismo, medo e amor estão presente nesses personagens e isso influencia as suas decisões. O roteirista Alex Mir, ainda que tenha feito uma vasta pesquisa sobre o assunto, permite-se fazer acréscimos pessoais para dinamizar a narrativa e poder deixar ali alguns ganchos que podem ser utilizados em outras edições.
O traço de Caio Majado lembra o estilo dos quadrinhos de super heróis e seus personagens inclusive são bem musculosos, o seu estilo tem um certo quê de comicidade, tirando o ar de "sagrado" do texto. Ainda que essa seja uma adaptação há um respeito em como os autores tratam do conteúdo e a criatividade dos autores em retratar de um jeito próprio não chega a desdenhar da cultura.
Orixás do Orum ao Ayê é uma ótima obra que introduz o universo adaptado por Alex Mir sobre a história dos Orixás. Isso possibilita um diálogo útil para o leitor de quadrinhos que ainda não conhece a cultura africana, tanto quanto a pessoa que segue o Candomblé e que pode ter contato com a linguagem dos quadrinhos. Eu vejo essa série como uma oportunidade de conhecer outras culturas sem necessariamente ter a intenção de converter ninguém.
Ficha técnica:
Publicado em: abril de 2011
Licenciador: Alex Mir
Formato: Americano (17 x 26 cm)
Colorido/Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 19,90
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