Aurora de X - Parte Um

 


O roterista Jonathan Hickman deu uma perspectiva diferente para os mutantes da Marvel nas séries Potências de X e Dinastia X. O resultado disso é uma série de revistas mutantes interligadas por esses acontecimentos. Esse arco que iniciou em 2020 na revista quinzenal dos X-Men da Editora Panini traz um mix de diversos personagens e grupos, esse texto trata das histórias publicadas nos números 5 a 11 dessa revista. Eu até tentei fazer a leitura em separado de cada uma das histórias que compõe o mix, mas entre uma edição e outra de X-Men por exemplo acontece tanta coisa que o melhor mesmo é ler na ordem que a edição brasileira traz. Como o texto iria ficar muito longo eu decidi dividir o arco em duas partes, uma iniciativa minha para melhorar a compreensão do texto, ainda que eu não goste de dar opinião antes de ler o material inteiro. A primeira parte do arco traz histórias de X-Men, Carrascos, Excalibur, Novos Mutantes, X-Force. 

X-Men

Roteiro - Jonathan Hickman

Desenhos - Leinil Francis Yu, R. B. Silva, Matteo Buffagni

Os mutantes contam agora com o Estado independente localizados na Ilha de Krakoa. Era de esperar contudo que isso geraria uma reação adversa. Os humanos contrários a essa iniciativa fundaram a Occhis, uma organização formada por cientistas da Shield, IMA, Armadura, Tropa Alfa, Hidra e Martelo e eles estão localizados na Forja onde eles aprisionam e fazem estudos dos poderes de jovens mutantes, para isso eles também contam com toda a tecnologia dos Sentinelas.


Carrascos

Roteiro - Gerry Duggan

Desenhos - Matteo Lolli, Michele, Lucas Werneck, Mario Fel Pennino

Kitty Pride não consegue mais acessar os portais de Krakoa e ela não faz a mínima ideia do porquê disso. O fato que esse mesmo fenômeno vem se repetindo por várias partes do mundo por alguns mutantes e isso os deixa refém do ódio humano que não aceita a existência de mutantes e muito menos que eles tenham um Estado independente. Assim, Kitty e alguns outros mutantes vão resgatar vítimas de navio. Um detalhe: a mutante está bem mais cruel do que aquilo que qualquer um lembrava. 


Excalibur

Roteiros - Tini Howard

Desenhos - Marcus To

Dizendo o Apocalipse que está regenerado! O ex-vilão vive em Krakoa e criou um portal que está retirando magia de Camelot e Morgana Le Fey está indignada com isso. Como o Capitão Britânia recebeu seus poderes também desse castelo, coube a ele verificar o que está acontecendo junto com a sua irmã Psyloque. Se você em algum momento leu quadrinhos dos mutantes sabe que eu mencionei alguns nomes que eram pra estar mortos, na verdade tem até mais, eu é que não quis citar o nome de todos os personagens mortos que aparecem nessas histórias. A tecnologia dos mutantes evoluiu a um ponto que a morte não é mais um problema. Como a capa da edição original já é um spoiler por si, logo de início vemos a transformação da heroína Psylocke em Capitã Britânia, já que o seu irmão Brian Braddokk está desaparecido e ela vai resgatá-lo com a sua equipe o Excalibur. 


Novos Mutantes

Roteiro - Ed Brisson e Jonathan Hickman

Desenhos - Rod Reis, Março Failla, Flaviano

Os Novos Mutantes retornaram, incluindo alguns da equipe original que haviam morrido, contudo ainda faltava um. Míssil havia casado com uma guerreira Shiar e por isso Mancha Solar convence a equipe a ir ao encontro dele com a ajuda dos Piratas Siderais, chegando lá eles são presos até serem libertados por Sam Guthrie. As histórias da equipe misturam-se com toda a complexidade do reinado Shiar. Enquanto essa equipe singra o espaço, outros mutantes novinhos permanecem em Krakoa e têm o trabalho de ajudar outros da espécie que estão em perigo fora de lá. 


X-Force

Roteiro - Benjamin Percy

Desenhos - Joshua Cassara, Stephen Segovia

As histórias da X-Force iniciam com uma proposta diferenciada. Não há um grupo definido com uma determinada missão. O que se sabe é que Dominó infiltrou-se num grupo de humanos com acesso a uma tecnologia poderosa de criar corpos com apetrechos tecnológicos e esse grupo tem o objetivo de destruir a soberania de Krakoa. Para isso eles invadem a ilha de forma disfarçada e matam vários mutantes, dentre eles Charles Xavier. Enquanto a Jean Grey investiga o que sobrou dos corpos dos invasores, Wolverine vai a campo com Kid Ômega para encontrar essa organização em meio a isso, alguns mutantes se aproximam para fundar a equipe.


Anjos Caídos

Roteiro - Bryan Hill

Desenhos - Szymon Kudranski

Psylocke divide o corpo com a Capitã Bretanha, quando ela está como a mutantes com poderes psíquicos ela recebe a missão de deter Apoth, que ela não tem ideia de quem seja. Ao investigar sobre essa mensagem mental, ela descobre pistas junto com o Senhor Sinistro. Assim a anti-heroína sai a campo junto com a X-23 e o novinho Cable e descobre que essa entidade tem uma relação com a tecnologia psicotrópicos viciante chamada Overclock, uma droga que pode levar a uma overdose e que por isso é a nova sensação dos jovens. 

Das 6 histórias, essa é a única que conclui por ser uma mini-série em 6 partes. O roteiro de Brian Hill é mediano, não é ruim mas não empolga. A história acaba perdendo a linha do enredo sobre o tráfico de drogas que é retomado apenas ao final. Os desenhos de Kudranski são ótimos e ele aproveita pra ser criativo até com as sarjetas das páginas, aqui as cores de Frank D'armata dá um tom mais escuros nos quadros que acaba intensificando a qualidade do traço. 

Minha experiência com a leitura

Após eu ler a primeira história de X-Men desse arco, eu percebi que faltavam informações entre uma edição e outra e no caso era a morte de Charles Xavier que ocorrera ao final da primeira história de X-Force, seguindo a leitura eu notei que essa era a única informação que seria importante em algumas das histórias. Isso fez com que eu fosse lendo casa edição (a maioria um encardenado de 6 histórias de personagens diferentes) por vez, o que prejudicou a minha imersão na leitura. Se você ainda pretende ler esse arco,eu recomendo que leia casa história em separado, lendo apenas as histórias dos X-Men dessas 6 edições, em seguida lê apenas as histórias dos Carrascos e as demais da mesma maneira. 

As histórias possuem roteiros com qualidades bem diferenciadas, em grande parte revezam-se momentos de enormes diálogos que não levam a lugar algum com situações realmente interessantes. Apesar disso, a situação criada por Hickman em que os mutantes estão por cima da carne seca e se impõe não só como uma nação de pessoas com poderes físicos mas ganham um poderio político e até econômico, me mantém curioso em saber onde isso tudo vai dar. 

Excalibur e Novos Mutantes são as histórias cujos roteiros são os mais chatos devido a mescla de magia com cavalheirismo britânico de Excalibur e ao diálogo jovem colegial dos Novos Mutantes. Para vencer esse tédio felizmente eu contava com as histórias dos X-Men e X-Force que se concentração em mostrar aquilo que eu queria ver com relação a resistência humana frente a Krakoa. O roteirista Benjamin Percy se destaca pela sua habilidade em contação de história em que não enrola para mostrar onde quer chegar com a sua HQ. Já Hickman que em alguns momentos é tedioso em outros ele é fenomenal (como por exemplo quando os representantes dos X-Men vão ao Fórum em Davos com as maiores potências mundiais). 

Um outro destaque visto nas histórias em geral, é o fato dos X-Men saírem da condição defensiva e de vítimas para assumir uma postura pró-ativa e nem pense que isso acontece apenas com os ex-vilões Magneto ou Apocalipse. A Kitty Pride (que agora é Kate Pride) utiliza seus poderes de uma maneira bem mais violenta e não recebe nenhum puxão de orelha por isso. Os mutantes estão muito cientes do uso da violência que vai além da defesa para inibir os seus inimigos a não revidar. Por falar em inimigos, as histórias são criativas inclusive na maneira como são feitos os ataques deles, que são muito diferentes de antes que era por mutantes vilões ou robôs gigantes atirando para todo o lado. Os mutantes estão lidando com cientistas que arquitetam os seus ataques com inteligência e com grupos terroristas que antecipam as suas ações. Os roteiristas fazem questão de trazer poucas informações sobre eles a ponto da gente ficar tão surpreso quanto os mutantes. 

O lado desagradável dessas histórias está  no fato de aparecer situações que apenas complicam a compreensão. Um exemplo disso é o fato de um personagem aparecer em histórias de mais de uma equipe sabendo que os acontecimentos ocorrem de forma simultânea. Se isso já complica,  a situação em que a Psylocke dá um nó ainda mais difícil de desatar. Ao mesmo tempo em que ela lidera os Anjos Caídos, ela parece atuar em um outro corpo como a Capitã Britânia mas cabe ao leitor chegar a essa conclusão ou criar uma outra porque nada é explicado. 

As primeiras histórias do arco Aurora de X não mantém o entusiasmo gerado do início da fase de Hickman. A quantidade de histórias acabaram prejudicando a qualidade das histórias que poderiam ter sido melhor planejadas caso alguns personagens não ficassem aparecendo em várias equipes. Essa primeira parte ocila em momentos tediosos e outros espetaculares fazendo com que o contexto da situação do Estado de Krakoa seja o principal atrativo para permanecer acompanhando essa fase. 


Compre aqui

X-Men 5 , X-Men 6 , X-Men 7 , X-Men 8 , X-Men 9 , X-Men 10 , X-Men 11

Tradução - Mário Luiz Barroso


Leia também

X-men - Potências de X

X-men - Dinastia X


Comentários