Sandman foi reimaginado por Neil Gaiman em 1988 e trouxe todo um novo universo chamado Sonhar. Em 2019, a editora Panini Comics traz uma história inédita que mostra novamente esse reino com todos os seus personagens e mais alguns novos. Uma história adulta escrita por Simon Spurrier e ilustrada pela paulista Bilquis Evely, publicada nos EUA no selo Vertigo da DC e no Brasil pela Panini Comics.
Mais uma vez Sandman desaparece do Sonhar sem deixar notícias, apesar de cada ser desse reino ter um papel específico, a falta de um líder leva o lugar a sua destruição. Enquanto seres brancos e sem face aparece por ali, Dora, uma mulher com assas na orelha, consegue andar pelos sonhos dos mortais da forma como ela quer, uma habilidade restrita a Sonho dos Perpétuos. Aos poucos, o Sonhar transforma-se numa bagunça e o Juiz Cadafalso se auto-proclama o seu chefe para restaurar a ordem com os seus demandos.
O roteiro de O Sonhar até inicia de forma empolgante devido ao carisma de Dora com o seu jeito sem-noção de ser e pelo mistério de ela ter os poderes de Daniel além de ela mudar de forma, tornando-se do nada um monstro imenso. Contudo com a entrada de Cadafalso, o caldo entorna. Eu entendo que esse personagem foi construído pra gerar antipatia propositalmente com a sua arrogância e o jeito rebuscado de falar. Esse primeiro encadernado é dividido em uma história introdutória mostrando um pouco dos enredos de cada revista do Universo de Sandman e o arco principal. Cadafalso protagoniza a terceira história do arco principal e a partir daí tirou o meu entusiasmo da leitura, foi aqui que eu parei para olhar quantas páginas faltava para terminar a história.
Os vilões costumam ter os seus defeitos de caráter ou ser uma sátira de tipos reais, contudo dentre os seus vários defeitos, há algo neles que nos atrai, seja a sua perspicácia, uma dose de loucura ou um certo ar de mistério. Cadafalso não consegue nos passar nada disso e acaba sendo tão desinteressante que atrapalha a história. Após esse capítulo, o autor retoma o ritmo mas não consegue empolgar mesmo com acontecimentos surpreendentes que aparecem próximo ao final.
O melhor da obra certamente fica para o traço de Bilquis Evely. As histórias ambientadas no Sonhar pedem um traço diferente e ousado, características que definem bem a arte da desenhista. Belquis tem um traço sujo que encontra um grande destaque nas cenas de terror, quando os quadros maiores detalham bem a cena. Além disso a ambientação é tão surreal que realmente lembra cenas oníricas.
O Universo de Sandman O Sonhar Volume Um apresenta dois novos personagens além dos já conhecidos mas não consegue segurar o entusiasmo que gera no início, o desafio de escrever algo que gere tanta expectativa quanto o reino de Sandman ficou além das habilidades da roteirista. Eu não esperava por uma continuidade do clássico mas a história em si ficou apenas um pouco acima da média. O que há de melhor nesse gibi são os desenhos que tem a estranheza necessária para uma história onírica. Para quem nunca leu Sandman, eu não recomendo, além de pegar um enorme spoiler, caso a pessoa pretenda ler o clássico, fica difícil para o novato entender as motivações e características dos vários personagens dessa história.
SPOILERS APÓS A IMAGEM
Destaque da obra:
- morte de Lucien
Ficha técnica:
Tradutor: Érico Assis
Formato: 17 x 26 cm
- Marcas: DC
- Autor(es): Bilquis Evely, Simon Spurrier
- Classificação Etária: 18 anos
- Número de páginas: 200
- Lombada/Encadernação: Quadrada
- Tipo de capa: Cartão
- Data de Lançamento: 23/07/2019
Comentários
Postar um comentário