A realidade de um assalariado não é nada fácil seja no Brasil, seja no Sudão de onde o conto original (Coto Nuba) dessa adaptação surgiu. Isaque trabalha de segunda a sábado e mal tem tempo de dormir, isso afeta a sua vida como um todo e é por isso que ele aceita com tanta facilidade uma proposta para melhorar sua vida de um estranho ser que apareceu na televisão. A Editora Balão Negro publicou esse quadrinho em outubro de 2024 pelo iniciativa Narrativas Afrocentradas.
É um absurdo que tanta gente no Brasil se fascine pelas ideias de direita que pregam que qualquer pessoa pode enriquecer através do próprio esforço num país cujas gerações e gerações de pessoas pobres permanecem assim e que a família de milionários garantem um sucesso financeiro apenas nascendo no seu berço de ouro. É aqui que percebemos que a realidade da América do Sul e do continente africano são tão parecidas entre si. Até por isso que as pessoas se ludibriam tanto por soluções fáceis, até porque se o ensinamento do seu coach de estimação não funcionar, basta colocar a culpa no pobre coitado que acreditou nele em vez de entender que a sociedade cria estruturas para manter os privilégios do ricos em cima do sacrifício dos pobres.
Sejamos Um é uma adaptação de Ary Rosa, o Neuroperegrino que traz um traço simples e que em algumas páginas isso não contribui com a narrativa. Contudo os quadrinhos é uma arte que mesmo dependendo da imagem não exige uma qualidade extraordinária dela se a mensagem que a obra transmite consegue ser tão impactante que um traço menos elaborado gera um impacto menor. Esse é o caso dessa obra que conclui com uma mensagem bem sutil que mesmo que não seja compreendida, o desenvolvimento da trama em si já traz reflexões muito interessantes.
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