Esse é mais um quadrinho que flerta com a linguagem poética para compor a sua narrativa. A proposta é fazer uma versão da origem de tudo a partir do nada personalizando esses advérbios e construindo uma narrativa em quadrinhos cuja linguagem conotativa prepondere. O cearense Daniel Figueiredo publicou essa obra pela Focalab Laboratório de Ideias em 2022.
Antes de ler essa obra, eu decidi entender melhor o conceito de cosmogonia e a Wikipédia me trouxe essa definição:
Cosmogonia, ou Cosmogenia (do grego koiné: κοσμογονία; onde κόσμος: "cosmos", "mundo" e γί(γ)νομαι: "entrar em um novo estado de ser"), refere-se ao estudo da origem do universo, do sistema solar, ou o sistema Terra-Lua. Também é qualquer modelo relacionado à existência (ou seja, a origem) do cosmos (ou universo), ou da realidade dos seres sencientes (ter percepções conscientes). Isto é, é a especulação sobre a origem e formação do mundo encontrado em muitos mitos religiosos e na filosofia dos pré-socráticos, principalmente Tales de Mileto, o primeiro a buscar a origem de tudo, acreditando encontrá-la na água, considerada por ele como a substância primordial do universo. ( acesse aqui )
Figueiredo traz a sua versão da origem do universo com um toque de humor mas com foco maior na utilização da linguagem poética, cujas interpretações nos leva a tantas reflexões que nos leva a sair da leitura. Várias vezes eu tive que voltar ao que eu estava lendo por simplesmente me perder. O texto do autor não é complexo e muito menos superficial, é uma escrita que não precisa de rebuscamento pra nos fazer refletir sobre a fenomenologia do nada. È nesse encontro da poesia com uma reflexão existencialista, utilizando os quadrinhos como meio de expressão, que nos deparamos com uma obra cuja temática ainda é pouco explorada pela nona arte.
O traço de Figueiredo é simples mas dentro da temática da obra, a estética minimalista combina bem, até porque eu prefiro que obras cujo texto tenha um tom bem reflexivo não possua uma arte detalhada para que o foco no qual o autor se propõe não se disperse durante a leitura.
Cosmo Agonia é uma excelente obra que consegue nos trazer reflexões sobre o quanto conceitos como "tudo" e "nada" pode atingir. Essa é mais um exemplo satisfatório do potencial que os quadrinhos podem explorar desde que haja autores como Daniel Figueiredo que aplique conhecimento sobre outras maneiras de expressão como poesia e filosofia na sua narrativa.
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