Mil anos se passaram após o exílio do Hulk no Planeta Sakaar. Os habitantes de lá agora possuem uma governanta que prega que o Hulk trouxe o mal para aquele lugar, por isso, os seres gama irradiados chamados Haarg correm risco de vida. Inclusive quando uma criança Haarg é capturada, a sua irmã decide pedir ajuda ao seu avô, aquele que já foi um Hulk, o Amadeus Cho. Agora é preciso retomar a paz novamente em Sakaar e Cho não é o único terráqueo com poderes gama que habita aquele lugar. Essa é um encadernado que foi publicado pela Editora Panini em janeiro de 2024.
O roteirista Greg Pak revisita o planeta que ele criou e consegue inserir boa parte dos elementos da sua fase incluindo o filho do Hulk Skar e o Chulk, o Hulk Amadeus Cho. Para quem acompanhou todo esse período de histórias do Hulk é uma grata satisfação encontrar uma trama tão bem desenvolvida e relembrar tantos acontecimentos daquela fase, além de inserir um elemento que faz todo o sentido: o preconceito e a maneira como ele é utilizado para deturpar inclusive a própria História do planeta.
Além disso, a leitura me levou a pensar o quanto o sucesso e o fracasso de um quadrinho muitas vezes não se limita ao trabalho do roteirista e do desenhista. Durante a esquecível iniciativa Totalmente Diferente Nova Marvel, os heróis clássicos foram deixados de lado para que outros personagens assumissem os seus codinomes. No caso do Hulk, Bruce Banner havia sido assassinado e Amadeus era o novo Gigante Esmeralda. Apesar das histórias serem escritas pelo mesmo Greg Pak, elas eram tão ruins que eu não suportei, parei de ler pouco depois do início e nem me interessei quando Cho retorna pra Sakaar, situação mencionada nesse encadernado. Como um mesmo roteirista cria algo que é referência inclusive para outras mídias e uma outra fase tão ruim? Só quem conhece os bastidores sabe, mas eu suspeito que uma proposta de enredo vindo da empresa acaba não indo ao encontro do trabalho de um roteirista fixo que já vinha desenvolvendo uma longa história e provavelmente já possuía ideias que deveriam ser deixadas de lado por ordens da Editora. Por isso, anos depois que a iniciativa fracassa, é possível revisitar aquele universo com um material com o mesmo nível de qualidade que estava sendo realizado.
O desenhista espanhol Manuel Garcia possui um traço em que seus personagens possuem um movimento esquisito no corpo. Felizmente, por ele pegar um bom roteiro, acaba que isso não afeta tanto a narrativa da história. Porém ao final foi inevitável que o desenho tivesse algumas cenas difíceis de entender, o que tirou a dramaticidade da conclusão.
A edição brasileira é uma tradução literal do título original, o que deixa muito confuso para quem olha para o produto. O leitor tem a impressão que se trata do início da saga Planeta Hulk de 2006. Só na quarta capa que menciona que esse é um "Retorno ao Planeta Hulk" e apenas nas primeiras páginas da história é que mostra que isso é de um futuro de mil anos. Infelizmente a Marvel ocasionalmente coloca no mercado um produto feito para confundir.
Planeta Hulk: O Quebra-Mundos é uma oportunidade para os fãs que acompanharam essa saga que estreou no início desse Século. Por isso, se você nunca leu nada dessa fase, pode deixar passar com tranquilidade. Já para o leitor veterano vale a pena retornar para Sakaar e conferir um futuro possível com personagens daquela fase escrita pelo criador daquele universo. É uma pena que o final dá uma escorregada e não consegue manter o mesmo pique que empolga no início.
Ficha técnica:
Publicado em: janeiro de 2024
Licenciador: Marvel Comics
Categoria: Edição Especial
Gênero: Super-heróis
Status: Edição única
Formato: Americano (17 x 26 cm)
Colorido/Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 34,90
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