O Menino Rei - uma história sobre um jovem faraó do Egito

 


O jovem faraó Tutankhaten acabou de falecer e agora os deuses irão avaliar se ele é merecedor ou não do direito de gozar a eternidade. Para isso, toda a sua vida é retomada e assim podemos acompanhar a trajetória dessa figura histórica. Como um garoto teve que assumir o papel de principal líder de uma potência da Antiguidade ainda criança enfrentando a desconfiança do seu povo por além da pouca idade ter uma deficiência na perna? A Editora Nemo publicou essa obra em dezembro de 2022. 

Essa é uma obra tão bem concebida que exige que seja apreciada com vagar. Ainda que ela seja fruto de uma extensa pesquisa, essa é uma história ficcional. Isso porque não é possível saber sobre detalhes da vida de vários dos faraós do Egito. Porém o roteiro do paulista Felipe Pan traz especulações com bases em hipóteses científicas, os autores a partir de dados prováveis extraído das pesquisas das múmias e das construções, criam todo um romance com base nos detalhes que os restos mortais daquela pessoa oferece. Assim, é possível que a gente retorne vários séculos e encontre um Egito onde a gente possa vivenciar com os personagens a sua cultura, religiosidade e política da época. Nesse sentido a narrativa de Pan nos leva, a partir da ficção, apresentar detalhes históricos daquela região. 

Os traços ficam por conta do paulista Olavo Costa. Apesar de em vários momentos ele não tenha dado ênfase na expressividade dos personagens, é inegável a riqueza que a sua arte oferece principalmente na ambientação e indumentárias dos personagens. Isso porque o processo criativo é visível no trabalho de cada um dos três criadores. É fascinante saber que parte dos palácios aqui representados encontra-se destruídos mas que as imagens dessa obra é fruto de pesquisa de como provavelmente eles eram. As páginas mostram a grandiosidade que foi o império egípcio de uma maneira que as palavras não poderiam explicar. Vale ressaltar que a Editora foi feliz em publicar essa obra em capa cartonada com orelhas em vez de capa dura, pois assim além do conforto na leitura, fica mais fácil enxergar os detalhes da arte que muitas vezes estão no meio da página, principalmente nas páginas duplas, algo que ficaria prejudicado caso fosse uma edição em capa dura.

Um outro detalhe de grande importância é que a história ocorre num momento em que os faraós aqui representados num momento de transição do politeísmo para a crença num deus único, Re (ou Rá) que é a personificação do Sol. As cores quentes da paulista Mariane Gusmão dá a impressão de que o deus está ali presente acompanhando os personagens, tamanha a intensidade da iluminação ou pelo fato da estrela estar presente na ambientação nos quadrinhos. Mesmo nos momentos cujo foco dos acontecimentos seja em locais fechados ou no pós vida, a utilização das sombras e de cores frias contribuem para a narrativa. As cores geram um impacto positivo em todos os momentos, contribuindo para intensificar a sensação que o roteiro quer transmitir.

Para mim, os extras foram imprescindíveis para a compreensão da história. O glossário e as notas presentes ao final da edição possibilitaram que eu não me perdesse na leitura,. principalmente no início, que traz vários termos da época e portanto seria necessário conhecer detalhes históricos que permeavam aquelas páginas. Esse é um exemplo do quanto as notas possibilitam a imersão na leitura ainda que houvesse a quebra no ritmo para buscar informações que constavam no final da obra. Como eu estava diante de uma cultura tão distante dos meus conhecimentos, os paratextos foram necessários. 

O Menino Rei é uma daquelas obras que merecem um local especial na coleção, uma obra tão rica pela profundidade dos seus detalhes, que acaba sendo uma referência para informações sobre aquela época. Por isso se ela já é útil em proporcionar prazer na sua narrativa, ela é inclusive um excelente material didático. O que eu recomendo é que você disponibilize de tempo para apreciar essa obra com vagar, até porque você verá que, por todos os detalhes da arte, vale a pena todo o tempo aproveitado com ela.

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Ficha técnica: 

Publicado em: dezembro de 2022

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