Hulk - Planeta do Hulk

 

Eu preciso advertir que o título NÃO está errado. A conhecida saga do início do Século, que foi uma das bases do roteiro do péssimo filme Thor Ragnarok, é Planeta Hulk. É comum histórias de sucesso de super-heróis ficarem sendo relembradas, contudo a história que eu vou comentar ocorre durante a fase em que o corpo do Hulk funcionava como uma nave e a parte racional da mente dessa nave era controlada por Bruce Banner e a parte irracional servia como um motor a partir da energia produzida com a fúria que o monstro sentia ao sofrer batalhas num plano psíquico. A atual história ocorre após Thor tentar deter essa versão do Hulk, como o conflito tornou-se um embate cósmico, os seres foram enviados para um outro universo e lá, a energia gama irradiou seres que povoou um planeta. Foi para ali que Banner levou a "nave" ao decidir que a ameaça interna que controlava o Hulk poderia destruir a Terra. Quando Banner chegou nesse planeta, ele encontrou uma civilização com prédios modernos e assim que pousou, viu uma estátua do Gigante de Jade como símbolo de divindade. Esse arco foi publicado na revista mensal Avante Vingadores números 9 a 14 publicada pela Editora Panini entre maio e outubro de 2023. 

Esse arco é marcado por duas situações inusitadas: o antecipado final dessa fase do Gigante Esmeralda e o repentino abandono do roteirista que obrigou o desenhista a tocar o roteiro sozinho. Eu preciso falar inicialmente da saída do roteirista Donny Cates no meio desse arco, segundo a reportagem do site Marvel 616 (clique aqui), ele sofreu um acidente automobilístico que afetou a sua memória recente. Por isso o desenhista Ryan Ottley teve que tocar roteiro e desenhos. Talvez por isso a fase tenha sido concluída já nesse arco para em seguida entregar o personagem para uma outra equipe criativa. 

O arco, após apresentar o enredo, entra numa barrigada, há um capítulo inteiro em que o protagonista está num planeta jogando "pedra na lua" , o que ocorreu foi quase isso literalmente. Hulk participa do "divinobol", um torneio em que os monstros arremessam pedregulhos para destruir cometas que estão entrando na órbita do planeta. Seguido a isso, a trama parte para a revelação do que realmente estava ocorrendo na mente do Hulk e como tudo o que eu escrevi na introdução desse texto ocorreu. A isso acrescenta uma boa dose de misticismo e uma batalha espacial épica, bem a cara dos roteiros de Donny Cates. Enquanto tudo isso acontece, a história faz questão de mexer no trauma de infância de Bruce Banner em meios às seções de psicoterapia com Doutor Samson. Isso tudo junto não tem nem rumo acreditar que daria para trabalhar num único arco em seis partes! 

É de desconfiar que alguém que foi contratado para fazer os desenhos não iria dar conta de fazer toda a parte criativa incluindo roteiro e os argumentos. Ryan Ottley me surpreendeu pelo tamanho do desafio em que ele se encontrava. Mas isso não quer dizer que ele fez uma excelente história. Há alguns vacilos na narrativa da arte, principalmente nos momentos mais épicos dos conflitos. Na verdade é exatamente essa situação exagerada que envolve algo do tamanho de um conflito planetário que algumas vezes torna o roteiro confuso assim como os desenhos. O final então deixou a desejar já que um desafio de tal tamanho não poderia ter encontrado uma solução tão simples. 

Planeta do Hulk é um arco marcado por um desafio na produção que tinha tudo para ser um enorme fracasso na qualidade do material. Contudo não foi isso que eu encontrei ao fazer a leitura. É bem verdade que é um arco que traz problemas narrativos tanto na arte quanto no roteiro mas está muito distante de ser considerado um fracasso. É uma pena que essa fase tenha sido encerrada de forma tão prematura, mas a vida real traz situações imprevisíveis e, por isso, o desenhista Ryan Ottley merece os parabéns pelo que ele conseguiu fazer. O arco vai ficar marcado bem mais por essa situação inusitada na produção do que pela contribuição na continuidade do personagem. 

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