O assassino em série Jimmy Nichols parece não encontrar barreiras para a sua trilha de morte aleatória. Enquanto o assassino se move pela cidade, cabe a Júlia Kendall e a polícia identificar o criminoso e pra qual direção ele se move antes que um número maior de corpos apareça. A Editora Mythos publicou essa história da Sergio Bonelli Editore pela primeira vez em J. Kendall 18 em maio de 2006 e trouxe uma nova edição em formato italiano em abril de 2021.
O assassino dessa história pechincha um rifle com mira com tranquilidade numa loja de armas, uma das muitas facilmente encontradas nos EUA, país onde são ambientadas as histórias da personagem. Com a mesma facilidade de quem compra um liquidificador, uma pessoa com transtorno mental motivado a cometer crimes consegue o equipamento pra causar o estrago pretendido. Quanto maior é a facilidade em aquisição de armas, mais aumenta o número de vítimas desses instrumentos. Ainda que essa situação seja ficcional, não se pode deixar de lembrar da nossa realidade em que armas causam vitimas num número que só cresceu após o desgoverno Bolsonaro ter facilitado a entrada desse equipamento no país. O fato é que mesmo pessoas sem nenhum transtorno mental se vêem tentadas a tornarem-se assassinas em situações em que se deixam levar pela raiva, são inúmeros os exemplos em que isso vem ocorrendo diariamente.
A equipe criativa dessa história é enorme mas conseguiu se alinhar o suficiente para produzir um bom resultado. O roteiro de Giancarlo Berardi, Giuseppe de Nardo e Maurizio Mantero traz uma trama muito tensa. Júlia é uma heroína que teima em não limitar sua atuação à sua própria inteligência e frequentemente se coloca em risco, nessa história em particular eu cheguei a me irritar com a sua audácia, compartilhando do mesmo sentimento do tenente Webb.
Os desenhos de Luca Vannini e Laura Zucheri contribuíram bastante para as emoções dessa história. Ainda que a maior parte do traço tenha pouco rebuscamento, a simplicidade consegue passar muito bem a expressão emotiva dos personagens, repare no olhar inexpressivo do assassino que deixa transparecer o seu desapego total a vida das suas vítimas. Além disso há uma ótima habilidade narrativa na maneira como foca as cenas e na intensidade da violência apresentada, ampliando a tensão já presente no argumento.
Júlia 18 é uma excelente história em que a tensão causada por um personagem que age de uma forma tão despudorada consegue passar o temor de pensar em cruzar com alguém como ele na rua. Além disso toda a urgência de descobrir quem é e pra onde vai acaba nos perdendo a leitura já que a cada minuto que passa pode aumentar o número de vítimas desse criminoso. A sensação que a história traz permanece literalmente do começo ao fim já que o final também é tão impactante quanto toda a trama.
Ficha técnica:
Publicado em: abril de 2021
Licenciador: Sergio Bonelli Editore
Categoria: Edição Especial
Gênero: Policial
Status: Em circulação
Formato: (16 x 21 cm)
Preto e branco/Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 30,90
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