Homem-Animal - Origem das Espécies

 


Chegou a hora dos leitores conhecerem a versão de Grant Morrison para a origem do Homem-Animal. O personagem além de lutar contra os desmandos que os animais são submetidos pelos homens, precisa lidar com o preconceito criado para dividi-los. Ainda por cima a situação de injustiça entre as situações do cotidiano o leva a refletir sobre se o seu posicionamento está se tornando radical demais. Esse é o segundo encadernado que traz a fase do personagem por Grant Morrison e foi publicado em março de 2016 e também compõe a edição em formato Omnibus em 2021. 

Grant Morrison utiliza a origem do Homem-Animal para melhor explicar os sub-enredos que ele vem trazendo e também para poder viajar no seu vasto conhecimento de metafísica alcançado por poucos. Esse tipo de salada conceitual é algo típico da sua obra e aparece nesse quadrinho atrapalhando um pouco a leitura. Além disso, chama a atenção a maneira como ele resolve o problema conceitual do Fera Bwana, mais um branco salvador atuando no continente africano, que vai influenciar no surgimento de um outro personagem mais adequado a realidade sul-africana. Assim ele aproveita pra explicitar características específicas do terrível problema do racismo na África do Sul. 

Entre os enredos psicodélicos e a participação política do personagem é claro que há espaço para o humor, principalmente quando ele explora as histórias típicas de heróis. A leitura se mantém agradável durante todo o tempo com o seu auge quando ele mostra a crueldade humana nos detalhes relacionados a vida real ou quando ao retratar um debate, ele questiona o fato de vidas humanas justificarem o sofrimento e morte de animais. Todas essas idéias que tomam conta da vida do herói e chega a um ponto de ele se questionar quando aquilo começa a se tornar um exagero, quando um ativista passa a se tornar um terrorista? 

Os desenhos são de Tom Grummett, Chaz Truog, Mark McKenna, Doug Hazlewood e Steve Montano. A ótima qualidade do traço, que eu já mencionara no texto da edição anterior, se mantém, exceto pela história com a participação da Vixen quando os artistas, com a intenção de reforçar a sensualidade da personagem, a colocam em poses impossíveis e completamente desnecessárias para realçar a sensualidade de uma heroína negra.  

Homem-Animal Origem das Espécies dá continuidade a excelente fase de Grant Morrison apesar das viagens conceituais de um roteirista cabeçudo. Porém nos momentos que ele se propõe a fazer uma crítica social, ele consegue trazer reflexões necessárias e atemporais. Isso sem mencionar a sua qualidade narrativa que se mantém independente do gênero ou do enredo a que ele se propõe. 



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