Homem-Animal - Deus Ex Machina

 


Esse é o último encadernado da fase do Homem-Animal sob roteiro de Grant Morrison e agora o herói está decidido a deixar de ser um vigilante fantasiado, pena que essa decisão ocorre pouco antes de uma terrível tragédia abater a sua vida. Enquanto isso uma nova Crise parece aproximar-se do Universo DC e o tom metalinquístico cada vez mais domina a narrativa. Essa edição foi publicada em abril de 2016 pela Editora Panini e suas histórias também estão no omnibus do personagem lançado em abril de 2021 pela mesma Editora.

O Homem-Animal é levado a investigar estranhos acontecimentos numa ilha e lá experimenta uma bebida que causa tamanha alucinação que ele consegue ver que está sendo lido pela gente! A confusão que isso causa só é menor quando ele se depara com a tragédia que havia ocorrido na sua casa. Isso o deixa tomado pelo ódio e o motiva a vingar-se dos algozes, mesmo que isso signifique não mais se ater as regras morais típicas dos super-heróis. 

O roteirista Grant Morrison continua surpreender sobre como ele é capaz de modificar de maneira crível a personalidade do personagem. Agora ele não é mais nem sombra daquele personagem coadjuvante vestindo roupa ridícula. Além das histórias prenderem o leitor pela profundidade como Buddy Baker é trabalhado, elas aproveitam pra deixar ali alguns indícios do que Morrison ajudaria a fazer decadas depois. Crise nas Infinitas Terras não havia se encerrado e alguns elementos imaginados pelo roteirista seriam aproveitados para trazer uma nova Crise (ou novas "Crises") e restituir o multiverso. Tudo isso é lindo e maravilhoso mas não se compara ao elemento principal dessa edição: a metalinguagem. A maneira como isso adentra no roteiro é encantador e também permite fazer reflexões comparativas sobre a ficção e a vida real. Ainda que haja algumas páginas tediosas, o autor consegue trazerr um final arrebatador. 

Nessa edição o que me chama a atenção dos desenhos de Chaz Truog e Doug Hazlewood, além de eles conseguirem trazer visualmente a realidade psicodélica imaginada por Morrison, é a maneira impactante como eles fizeram com que os personagens interagisse com a gente a partir do seu semblante. Os desenhistas também souberam representar bem os divertidos momentos quando os personagens de deram conta de que aquilo tudo era uma história em quadrinhos e passavam a interagir com os elementos dos quadrinhos como páginas e as sarjetas, o que deixou tudo ainda mais divertido de se ver.

Homem-Animal Deus Ex Machina encerra de maneira espetacular a fase de Grant Morrison com o personagem, já que além de ele fechar as pontas soltas desde o primeiro encadernado. A trama soube inserir tanto o caráter psicodélico quanto uma reflexão existencial sem que isso tornasse os argumentos entediantes. Para dourar a pílula, Morrison como poucos soube utilizar a metalinguagem de maneira divertida e que ao final conseguiu fazer com que não estivesse lá apenas como um elemento solto. Essa fase completa do roteirista é considerada um clássico dos quadrinhos e ainda que não seja um material excelente de cabo a rabo, traz momentos que variam entre excelentes e ótimos mas que o que fica da leitura é a sua proposta ousada para quadrinhos de heróis.  

Compre aqui edição em formato Omnibus

Leia também: 

Homem-Animal - Origem das Espécies

Homem-Animal - O Evangelho do Coiote

Comentários