Os supervilões de Gotham estão amedrondatos mas isso não parece ter relação nenhuma com Batman. Após um encontro em que se discute disputa de territórios, muitos saem dali mortos ou gravemente feridos, como se tivessem sido mordidos. Esse é o mistério que apenas o maior detetive do mundo pode solucionar. Esse encadernado foi publicado pela Editora Panini em maio de 2022.
O roteirista Garth Ennis é conhecido por seus roteiros inusitados carregados de um humor ácido. Por isso nada mais adequado do que lançar essa história pelo selo Black Label. Isso porque seus quadrinhos são voltados para um público adulto sem que os autores estejam presos a continuidade do Universo DC tradicional, isso possibilita uma liberdade maior dos autores com os personagens.
O Batman aqui apresentado é um herói típico das histórias do Ennis uma pessoa com humor sutil e macabro e com um comportamento sádico. Algumas dessas características já vem no texto de apresentação da segunda capa assinado pela editora Marília Beatriz, algo necessário já que esse selo é recente e o leitor ficaria surpreso com a forma como o protagonista é retratado.
A obra traz todo um clima sombrio com toda ambientação sendo coberta por uma penumbra. Um cenário ideal para uma história de terror. Cada um dos vilões pareciam estar com um medo atípico e tinha no Batman a sua tábua de salvação. Esse clima me atraiu e permaneceu até a metade da HQ. Em seguida quando o mistério é solucionado, o clima muda completamente e em meio àquele ambiente úmido pareceu-me que havia soado uma vinheta dizendo RATINHO! Ennis simplesmente muda a narrativa e passa a inserir uma comédia pastelão com toques de insanidade. Isso me tirou completamente do clima onde eu estava e o meu interesse foi abaixo, levado pelos esgotos de Gotham.
Liam Sharp faz um traço digital excelente e consegue manter o clima obscuro do começo ao fim ainda que o roteiro não fizesse questão de acompanhar essa caracterização. Por diversas vezes eu lembrei do traço de Dave Mckean em Asilo Arkham em diversos elementos: ambientação, a maneira como o protagonista é retratado, sarjetas, uma arte psicodélica ... O estilo varia muito no decorrer da história indo para momentos mais detalhados para outros em que a arte trazia um quê surreal, tudo ampliava a experiência com a leitura ao intensificar as emoções que o roteiro visava causar.
Batman Reptiliano poderia ser um excelente quadrinho se ele se encerrase na primeira metade, já que depois disso o roteiro quebra todo o clima. O que me incomodou nem foi o fato de um Batman que faz piadinhas mas a mudança de gênero no decorrer da história. Para mim faltou que o roteiro trouxesse mais elementos de humor negro desde o início para que não houvesse uma mudança brusca na narrativa. Como a HQ não exige nenhuma leitura anterior ela é feita pra ser lida por leitores adultos experientes e amadores. O que eu não garanto é que você vai se divertir já que para mim isso foi cortado pela metade.
Ficha técnica:
Publicado em: maio de 2022
Licenciador: DC (Black Label)
Categoria: Edição Especial
Gênero: Super-heróis
Status: Edição única
Formato: (17 x 26 cm)
Colorido/Lombada quadrada
Preço de capa: R$ 36,90
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