Júlia aventuras de uma criminóloga 13 - Poesia Mortal

 Essa história foi publicada originalmente em 1999 pela Sergio Bonelli Editore, época em que a internet estava entrando nos lares de quem já dispunha de computador, uma novidade que ao mesmo tempo era vista com o temor ampliado pelo Bug do Milênio. Acreditava-se que os computadores e componentes eletrônicos não reconheceriam a mudança de ano de 99 para 00 e poderiam parar de funcionar gerando um pane generalizado em todo o mundo. A história dessa edição aproveita parte esse receio da época pra trazer um conto policial. Ela foi republicada em novembro de 2020 pela Editora Mythos. 

A comunicação digital aproximou pessoas distantes e distanciou quem está perto, hoje isso é um clichê de uma situação difícil de lidar, mas no finalzinho do Século XX era uma novidade. Alice é uma adolescente que passa horas conectada na internet e naquela época isso ocorria através das linhas de telefone fixo, por isso o tempo de conexão era pago pelo mesmo valor das ligações telefônicas. Não é a toa que o pai dela se enfurecia bastante com o valor da conta de telefone. Um homem que explodia com violência a sua irritação e deixava os demais membros da família em silêncio. Por isso Alice acabou tornando-se alvo fácil de uma pessoa que a conquistava com compreensão e poesia, até que o pior acontece. Júlia é chamada a contribuir para a resolução desse crime e acaba descobrindo que outros estavam ocorrendo com esse mesmo perfil de vítima: garotas que se comunicava com amigos virtuais. 

Apesar de ter todo um teor de "aviso aos pais sobre os perigos da internet", o roteiro de Giancarlo Berardi que teve a colaboração de Michelangelo La Neve é bem construído. Eu destaco no roteiro a maneira positiva como Emily, a empregada doméstica de Júlia, é retratada. Ela costuma ser tão estereotipada que irrita mas dessa vez ela utiliza de ironia pra rebater uma fala racista da protagonista e dessa vez Emily vai além da personagem destemperada que passa o dia revendo a mini-série Raízes e ouvindo Bob Marley. Inclusive, pela primeira vez conhecemos o filho dela que inclusive colabora com Júlia pra desvendar o caso. Um outro destaque é que finalmente a tensão sexual presente desde do início da série tem um progresso numa cena que tiraria gritos entusiasmado caso a história estivesse passando no cinema. 

Os desenhos de Luigi Siniscalchi se destacam pela expressão facial dos personagens e particularmente me chamou a atenção como Emily foi representada, não sei de o fato do roteiro trazer a sua participação mais bem trabalhada e por isso ela é representada de uma maneira mais respeitosa também nos desenhos.  

Júlia 13 é uma ótima história em que os autores conseguem retratar bem os temores com a ampliação do acesso a internet no final do Século XX. Uma edição que traz a grata surpresa da vida pessoal da protagonista além de trabalhar bem a solução do mistério como de costume. 

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Ficha técnica: 

Publicado em: novembro de 2020

Editora: Mythos
Licenciador: Sergio Bonelli Editore
Categoria: Edição Especial
Gênero: Policial
Status: Em circulação
Número de páginas: 132
Formato: (16 x 21 cm)
Preto e branco/Lombada quadrada

Preço de capa: R$ 29,90

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