"Nós marchamos, da estimada Lacônia ... Da sagrada Esparta ... Nós marchamos ... Em nome da honra ... Em nome da Glória ... Nós marchamos." Assim Frank Miller iniciou um clássico que ele concebeu em 1998 pela Editora Black Horse. Em 1999 a obra ganhou 3 prêmios Eisner: Melhor Mini-série, Melhor Roteirista/Artista e Melhor Colorista. Em 2006 virou filme e até então é continuamente republicada, em fevereiro de 2022 a Editora Devir publicou uma nova edição em formato widescreen.
O quadrinho conta a batalha do rei Leônidas que se recusa a submeter-se ao Império Persa governado por Xerxes, ainda que ele tenha apenas 300 soldados para enfrentar um exército bem superior numericamente. Frank Miller traz a diferença entre os dois povos ao iniciar pela maneira atípica como os Espartanos são criados. Lá cada homem é um soldado disposto a morrer pelo seu rei quando for preciso, a educação é voltada para a guerra. Já a Pérsia conta com soldados que são motivados pelo medo que o Império impõe e diversos povos de locais diferentes são absorvidos e se comprometem a lutar pelo seu rei para manter a sua sobrevivência, sem ter uma identidade tão associada ao império.
A história traz uma disputa entre dois egos: o de um guerreiro que desde criança nasceu para comandar e conhece a melhor estratégia para enfrentar o seu inimigo. É esse conhecimento que o convence a vencer qualquer batalha ainda uma tão difícil de vencer quanto essa. Na outra ponta, Xerxes que é a própria soberba a ponto de se ver como um deus. É bem verdade que o poderio militar que a Pérsia acumulou é um ponto muito forte para justificar tamanha vaidade.
Esse é um quadrinho de guerra que possui um texto carregado de linguagem conotativa. Frank Miller não procura fazer uma análise histórica do porquê Esparta decidiu enfrentar a Pérsia. Na obra o motivo é trivial. Entretanto ele vai colocando na história elementos de pesquisa sobre a ideologia espartana para criar os seus personagens e as suas motivações.
O formato horizontal da tela widescreen valoriza os desenhos e toda a sua beleza e violência. Ainda que o texto seja bem trabalhado, essa é um quadrinho pra se olhar e há muito o que se admirar: expressões faciais; posição da câmera; a forma como o requadro de cada página é construído e aqui eu destaco um momento que ele constrói o requadro no formato da visão do capacete, colocando o leitor dentro do personagem. É por isso que é preciso dedicar tempo pra apreciar esses detalhes que são valorizados pelo excelente trabalho de cores da Lynn Valley.
300 é um excelente quadrinho de guerra, ainda que ele não se proponha a trazer os pormenores do que causou o conflito. Os acontecimentos aparecem de uma forma dinâmica mas vale a pena segurar o entusiasmo para apreciar os detalhes da arte e a beleza do texto ainda que seja uma ode a morte. Esse é um clássico recomendado a qualquer leitor adulto que goste dessa temática.
Ficha técnica:
Roteiro e desenho: Frank Miller
Cor: Lynn Varley
Tradução: Marquito Maia
Formato: 30 x 22 cm (widescreen)
Estrutura: 88 páginas coloridas, papel
couche 115 g
Acabamento: capa dura
Peso: 456 g (estimado)
Lombada: 1 cm (estimado)
Área de interesse: Grécia antiga,
história, Pérsia, Batalha das Termópilas,
Público: adulto
Preço: R$100,00 (estimado)
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