Ruben vai pra uma clínica de reabilitação e lá a gente descobre que ele está lá porque ele é um super-herói. Os seus poderes são ativados apenas quando ele está sob efeito de alguma droga, ele salva o dia mas não faz a mínima ideia de como fez isso porque depois que o efeito passa, os poderes acabam e ele não consegue lembrar de nada do que aconteceu. A Editora Devir publicou em janeiro de 2022 esse quadrinho da Image Comics.
A história até parece aqueles ter aqueles enredos subversivos que divertem debochando da moral. Contudo ainda que inicialmente o protagonista não vê aquilo que faz como um vício, ele aos poucos entende que o seu heroísmo lhe traz problemas pessoais dentre eles a possibilidade de perder o relacionamento com a sua namorada Nikki. Além disso por ele ser um vigilante, traz consigo a sua própria galeria de vilões que estão de olho em quaisquer demonstração de fragilidade.
O quadrinho me fez lembrar de pessoas em situações de adição em que elas justificam o seu vício para melhorar o seu desempenho seja na arte como na concentração ou para manter-se relaxado. O fato é que a quantidade de droga para gerar esse efeito tende a ser crescente já que o cérebro tende a adaptar-se. Uma quantidade crescente associado a uma alta frequência pode gerar o vício psicológico ou químico e isso vai levar a própria mudança de comportamento, deixando a pessoa agressiva, desatenta ou com perda de memória. Aquilo que inicialmente era visto como mero lazer pode passar a ser um problema social quando gera incômodos pessoais ou sociais.
O roteiro de Donny Cates e Mark Reznicek vai associando tanto um quê de crítica social com um alerta sobre o sofrimento de pessoas com transtorno mental, mas também inclui na história elementos de histórias típicas de herói com o uso de uma linguagem leve e direta e muita cenas de ação. Os desenhos de Geoff Shaw só contribui a essas características com um traço sujo e cheio de movimento. Para mim os desenhos foram o que mais me atraiu no quadrinho e combinou muito com a proposta.
Quando eu estava lendo Buzzkill eu tive a primeira impressão de ser um quadrinho subversivo que iria ironizar o heroísmo com um protagonista hedonista. Porém a história vai além de simplesmente querer chocar e apresenta a problemática do uso de drogas mas sem querer aprofundar-se no drama e sim associar grandes momentos típicos dos quadrinhos de heróis com uma grande reviravolta na revelação do grande vilão. Esse é um ótimo quadrinho de diversão descompromissada que a gente ler com facilidade em qualquer lugar e de tabela ainda possibita algumas reflexões sobre o uso abusivo de drogas e as suas consequências sociais.
Ficha técnica:
Roteiro: Donny Cates e Mark Reznicek
Desenhos: Geoff Shaw
Tradução: Marquito Maia
Formato: 17 x 26 cm
Estrutura: 104 páginas, miolo colorido
Acabamento: brochura
Peso: 286 g
Lombada: 1 cm
Área de interesse: super-heróis
Público: adulto
Preço: R$ 50,00 (estimado)
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