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Os estereótipos parecem ser algo negativo mas também tem uma função positiva, eles ajudam a preparar o indivíduo sobre como lidar com as demais pessoas, assim eles possibilitam que pessoas se aproximem ou se afastem de outras por coisas simples como aparência, vestuário, comportamento ou outros detalhes. Entretanto os estereótipos também servem para enganar, já que nem todos num grupo vão agir de uma mesma forma, e há situações em que eles não tem uma origem racional, mas são apenas a expressão de preconceitos. Por isso, um idoso calmo e bem vestido nunca seria confundido com um assassino em série, aproveitando disso, ele mata todos ao redor da sua vítima afim de não deixar nenhuma testemunha. Esse é um desafio diferente para John Constantine por não ter nenhuma relação com magia. O arco foi publicado nas edições 5 e 6 de Hellblazer Origens que foi republicado nos meses de dezembro de 2017 e fevereiro de 2018 pela Editora Panini.
Após uma recente situação perigosa, Constantine decide passar um tempo na casa do seu amigo Jerry que havia deixado uma casa sozinha. Enquanto estava por lá, um senhor aparece procurando Jerry. O velho fica por ali e encontra um envelope que o dono da casa havia deixado para ele, após a saída desse homem misterioso, Constantine descobre que Jerry fornecia informações sobre as futuras vítimas para esse assassino que estava aterrorizando Londres. Por isso, John destrói a casa e fica determinado a encontrar aquele que a imprensa apelidou de "O Homem de Família", enquanto isso o mesmo vai em busca de informações sobre quem era John Constantine e descobre que ele fora responsável pela morte dos jovens de Newcastle. O enredo vira um prato cheio para uma busca de gato-e-rato entre o mago inglês e um assassino em série.
Jamie Delano é ousado ao mudar o gênero do enredo que até então versava sobre o místico para algo mais dentro de um suspense policial. Para melhorar, o Homem de Família localiza o pai de Constantine e, a partir daqui, se mostram detalhes da infância do personagem e o que a gente vê é um protagonista revivendo o seu Complexo de Édipo ao projetar no seu algoz a imagem do pai. A tensão só aumenta quando o assassino mata o pai do mago inglês. Constantine, apesar de nutrir desprezo pelo pai, é tomado de ódio e medo ao saber dessa notícia. Com muito receio, o mago mata o vilão a bala.
Quando pensávamos que até então tudo estava acabado, nos deparamos com a alma do pai assombrando a sobrinha de Constantine, a Gemma. Aqui a garota solidifica a sua habilidade de estabelecer contato com o sobrenatural enquanto os leitores descobrem mais um segredo hediondo na vida do mago. Constantine ainda adolescente praticava magia que deixava o corpo do pai debilitado. Uma revelação que vai fechar esse ciclo de culpa com o pai ao revelar ao fantasma do falecido. Assim além de Newcastle, Constantine mostra-se com mais um sentimento de culpa que, se por um lado ele revela ao pai, por outro ele leva para si mais uma morte de alguém próximo ainda que indireta.
Esse é um arco em cinco partes desenhado por Ron Timer, Kevin Walker, Mark Buckingham e Sean Phillips. Os desenhos são excelentes e vai seguindo um estilo realista mas dentre eles o traço de Philips me encantou com a personificação de um fantasma que é um esqueleto pela metade, uma imagem horrível que é bem adequada ao terror do quadrinho, além de ele enquadrar bem os rostos dos personagens afim de intensificar a sua expressão facial.
Hellblazer O Homem de Família é uma história ousada tanto por deixar o sobrenatural de lado na maior parte do tempo, quanto por trazer revelações terríveis da infância e adolescência de Constantine. Ainda que o conflito edipiano seja algo clichê na ficção, o autor soube explorar muito bem esse aspecto. O roteirista Jamie Delano segue mostrando que o personagem pode andar por outros gêneros desde que a equipe criativa tenha as qualidades para saber como conduzir.
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