T'Challa foi resgatado de onde havia sido escravizado e agora faz parte da célula de resistência ao Império Intergaláctico de Wakanda junto com outras raças. Porém o difícil para ele é descobrir em quem ele deve realmente confiar porque a traição paira no ar. Esse segundo encadernado de O Império Intergaláctico de Wakanda foi publicado pela Editora Panini em 2020.
O roteirista Ta-Nehisi Coates aprofunda em seu quadrinho o gênero afrofututista. Diferente da fase anterior com o personagem, aqui ele conduz a trama com argumentos mais diretos dando espaço para que a narrativa seja conduzida mais pelos desenhos. Entretanto, como trata-se de um outro universo, entramos em contato com várias raças o que dificulta a compreensão de toda a trama ainda que parte dessas raças já façam parte do Universo Marvel (pelo menos eu só passei a conhecê-las aqui). Essa edição também introduz a explicação sobre como um grupo de wakandanos fundaram um império em uma outra galáxia.
Algo que me chama a atenção é o fato dos escravos terem a sua memória apagada a ponto de nem sequer saber o próprio nome, por isso o nome do arco "O Advento do Meu Nome". Isso lhe faz lembrar algo? Pois deveria! No Brasil os povos que foram escravizados também foram induzidos a perder completamente a sua identidade, língua e tradições. Assim que a escravidão acabou oficialmente, o local que armazenava o registro de vários escravos foi destruído, que era o único local onde se poderia saber de onde aquelas pessoas foram retiradas e a qual família eles pertenciam. Não é a toa que ainda que o Brasil seja composto de um povo miscigenado quase nada se sabe (ou se procure saber) sobre a própria origem e costumes. É muito comum brasileiros citarem de que país a sua herança branca veio mas ninguém nem sequer pergunta sobre quais foram os descendentes indígena e negros da família, de qual país ou tribo vieram, quais as línguas e as tradições dessas pessoas. O tal "não temos raças, somos todos humanos" só serve mesmo para inviabilizar qualquer comportamento afirmativo de negros e indígenas.
O quadrinho não busca aprofundar nenhuma das questões que eu estou divagando. Contudo o conteúdo de afirmação de uma identidade negra capaz de se organizar enquanto sociedade independente, está ali e mostra os possíveis problemas sociais advindos disso. Para o leitor que não esteja preocupado nenhum pouco com a sociologia da coisa, há na história muita batalha campal e espacial para se deliciar.
Os desenhos são de Kev Walker, Kris Anka e Jen Bartel. Um traço que encanta pela inventividade desse universo futurista cheio de raças com suas características próprias. Vale muito a pena acompanhar as batalhas de nave e toda a ação já que nessa fase o roteirista preferiu focar-se bem mais na ação do que em toda a política dos wakandanos.
O Advento do Meu Nome é um arco divertido que revela uma boa parte do Império Intergaláctico de Wakanda desde a sua origem. Ainda que os diálogos sejam rápidos, a narrativa é atraente. O que fez com que eu não me divertisse mais foram as diversas raças que estão em lados opostos. Uma quantidade de informação que eu acabei não processando tudo. É possível que quando eu for reler, esse aspecto não gere tanta dificuldade. O encadernado estabelece uma leve conexão com a fase anterior do roteirista com o personagem mas não o suficiente pra afastar um novo leitor de compreender a história, desde que, é claro, ele tenha lido o primeiro encadernado dessa fase.
Ficha técnica:
Formato: 17 x 26 cm
- Autor(es): Jen Bartel, Kev Walker, Ta-Nehisi Coates
- Classificação Etária: 14 anos
- Número de páginas: 136
- Lombada/Encadernação: QUADRADA
- Tipo de capa: Dura
- Data de Lançamento: 24/11/2020
- Tradução: Jotapê Martins
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