A Era de Ultron

 


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Imagine o que é tirar um cochilo e quando você acorda toda uma estrutura metálica pousou em cima de Nova York sobre prédios, carros e ruas. Inadvertidamente Ultron já ocupara todos os cantos e matara em poucos instantes milhares de pessoas, apenas um punhado de heróis sobrevivera e cabe a eles esperar a morte ou reagir. Em 2014 a Editora Panini publicou pela primeira vez no Brasil essa mini-série e em 2015 a publicou numa edição de luxo. 

A imagem de um Capitão América sem esperança e um Homem de Ferro dominado pelo medo é tão impactante que a gente quer acreditar que tudo não passa de um futuro alternativo. Enquanto os líderes dos Vingadores parecem não saber o que fazer, o Gavião Arqueiro vai sozinho ao resgaste do Homem-Aranha e eles descobrem que vilões negociam uma troca do herói com Ultron, que após vencer se delícia em torturar os humanos como se ele tivesse sentimentos. É por causa desse interesse que o robô manifesta que o Capitão América vê um fio de esperança para pensar num plano de reação. 

O roteirista Brian Michael Bendis procura prender o leitor com um primeiro capítulo feito praticamente de cenas de impacto, sem dar nenhuma explicação, o mundo estava destruído e um monte de robôs comandavam o extermínio dos sobreviventes. A imagem de um Capitão América desolado segurando um escudo quebrado ficou tão boa que foi utilizada no segundo filme dos Vingadores. O segundo capítulo em diante trata do plano dos heróis pra reverter tudo isso. Como Ultron estava em algum lugar do futuro, apenas viagem do tempo poderia resolver. Assim um punhado de heróis sobreviventes vão ao futuro pra destruir Ultron enquanto Wolverine e a Mulher Invisível vão ao passado impedir que o Homem Formiga construa o robô. 

Cada roteirista constrói a sua própria lógica de como funciona as viagens no tempo e Bendis resolveu que a ida de alguém para o passado modifica toda a realidade. Wolverine ao matar o Hank Pym (o Homem Formiga) cria uma realidade que vilões com poderes mágicos dominam uma realidade sem Vingadores e o presente torna-se tão ruim quanto antes. O furo de roteiro é que quando Logan retorna ao presente, ele encontra a si mesmo, mas a viagem no tempo não altera a realidade? Por que há dois Wolverines? Um outro grande furo é o final, Pym é convencido a criar um programa que auto-destruiria o robô. Mas porque ele não usou logo quando ele perdeu o controle de Ultron pela primeira vez e optou por usar décadas depois? Uma outra dúvida é: se Ultron estava observando tudo do futuro, por que ele permitiu que os heróis viajassem no tempo? 

A mini-série aproveita pra instituir algumas modificações no Universo Marvel: Galactus descobre o Universo Ultimate, Ângela que era uma personagem da Image chega na Marvel e as viagens no tempo estão temporariamente suspensa porque esse vai e vem de herói quase destrói a estrutura do tempo de vez. 

Os desenhos das primeiras edições são de Brian Hitch que com o seu talento para arte detalhista consegue dar toda a dramaticidade que o roteiro pede. Quando a bagunça das viagens do tempo acontece, Brian Peterson desenha o presente e o espanhol Carlos Pacheco o passado, o que mantém uma qualidade no traço e possibilita um maior dinamismo na história. 

Se você for ler a Era de Ultron saiba que a sua decepção será do tamanho da sua expectativa. Se você se deixar enganar pelas cenas de impacto inicial você vai se deparar com uma conclusão que não supre todo o drama mostrado. Agora se você quer ler essa história como um passatempo sem se preocupar-se com coerência de roteiro, você certamente vai se divertir. Essa é uma história que o autor tinha em mente apenas como iniciava e, ao aprofundar-se, ele inventou uma desculpa qualquer para finalizá-la e inserir alguns elementos que parecem mais uma determinação editorial. 

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Ficha técnica: 

Publicado em: abril de 2015

Editora: Panini
Licenciador: Marvel Comics
Número de páginas: 280
Formato: Americano (17 x 26 cm)
Colorido/Capa dura

Preço de capa: R$ 69,00
Tradução: Paulo França

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