Um fotógrafo acaba de captar na sua câmera o assassinato de uma pessoa, porém por causa disso sua própria vida está em risco. Essa é uma obra do paraibano Shiko que foi publicada em 2013 pela editora Marca de Fantasia e em 2015 pela Editora Mino.
Shiko fez um roteiro para uma história em que poucas palavras seriam utilizadas e muita delas seriam onomatopéias, dentre elas "clic" que pode tanto demonstrar o barulho de uma arma engatilhada quanto de um disparo de uma máquina fotográfica. Essa não é a única semelhança, se pessoas utilizam arma de fogo pra garantir o seu poder perante os demais, o jornalismo pode minar essa poderio ao denunciar os detalhes de um crime. Quando o jornalismo é independente estando livre das amarras de um governo, das famílias de poderosos ou das grandes empresas que controlam aquilo que é notícia; ele se torna um veículo que possibilita o ambiente democrático e consegue minar o poderio de quem atua fora da lei. A história acontece na Colômbia mas a sequência de fatos mostra que aquilo poderia ter ocorrido em qualquer cidade de qualquer país.
O fato de ser uma HQ praticamente muda exige muito mais do traço do artista já que é a sequência dos acontecimentos entre um quadrinho e outro é que vai possibilitar o leitor entender a história. Shiko consegue corresponder esse desafio com personagens tão expressivos que aquilo que seu olhar nos comunica é o suficiente abrindo mão das palavras. A tensão se mantém em cada página e a gente percebe o risco de vida das pessoas para que a notícia chegue a ser publicada.
O Azul Indiferente do Céu é um excelente quadrinho seja no aspecto narrativo, seja na beleza de um traço detalhado e expressivo e consegue passar a mensagem que a informação pode ser tão poderosa quanto as armas de fogo mesmo com todos os riscos existentes entre conseguir os detalhes da notícia até a sua publicação.
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