Desafio Infinito - o início da Trilogia do Infinito dos anos 90

 


No cinema o título desse quadrinho serviu como base pra criar o roteiro que ligava todo o Universo Cinematográfico da Marvel, contudo foram vários os quadrinhos que serviram como base para o roteiro de qualquer um desses filmes. Por isso, se você apenas viu os filmes saiba que o quadrinho traz mais diferenças do que semelhanças. Esse encadernado traz duas histórias: A Busca de Thanos e Desafio Infinito. Originalmente essas mini-series foram publicadas pela Editora Abril em 1993 e em 1995 e ganhou um encadernado de luxo pela Editora Panini em 2018. 


A Busca de Thanos

Thanos havia morrido mas a Morte personificada decidiu concedê-lo o benefício do retorno, caso ele matasse metade dos seres vivos do Universo. Thanos ficou muito mais do que agradecido, ficou completamente apaixonado por aquele ser mórbido e devotou a sua nova existência a cumprir a sua promessa. Para isso, ele precisava reunir poder suficiente. Assim ele descobre que as seis Jóias da Alma, que ele passou a chamar de Jóias do Infinito poderiam garantir os meios necessários para cumprir a sua promessa e ainda por cima garantir um plano em seu próprio benefício. O Titã Louco parte então por sua jornada em busca de cada uma das jóias. 

Essa história em duas partes é uma introdução para mostrar como o personagem adquiriu poderes ilimitados e detalhar cada um deles. Assim, não espere por uma aventura cheia de quebra pau. O autor explora como o personagem pensa e mostra que ele é tão poderoso quanto sagaz, se em alguns momentos ele resolve a disputa com punhos e raios, em outras apenas a sua inteligência resolve por si. É uma história que costuma decepcionar por ser algo mais narrado. Para quem gosta mesmo das típicas histórias de herói, segura e espere passar por ela pois é apenas informativa. Agora, se você gosta de um roteiro que respeita detalhes, essa é uma história essencial. Apesar de em alguns momentos ser bem chata, no todo consegue ser bem interessante por nos permitir conhecer melhor esse vilão. Os desenhos de Ron Lim são medianos com exceção de algumas cenas de impacto que melhoram a qualidade da arte. 


Desafio Infinito

Thanos já tem em mãos a Manopla do Infinito que garante a ele poder ilimitado sobre: mente, alma, realidade, tempo, espaço e poder. Agora cabe aos heróis Marvel se agarrarem na esperança de vencer o Titã Louco numa batalha inútil. Diferente do filme, a história versa sobre o antagonismo de dois seres: Thanos e Adam Warlock, seres que se destacam por seu enorme poder e perspicácia. 

A mini-série consegue manter um ritmo de grandes acontecimentos e reviravoltas do começo ao fim, em momento algum você sente tédio ou percebe que o roteirista se perdeu. Jim Starlin é o roteirista e o criador do vilão e percebe a afeição que ele sente pelo personagem na construção de suas falas e de seus recordatórios. Thanos além de mencionar suas estratégias, parece estar a todo momento filosofando, as suas falas são carregadas de uma imponência de quem sempre foi um rei. São vários os momentos que a gente vibra junto com as cenas ou se surpreende com a forma como o autor explora além do limite o termo Universo Marvel. 

Essa HQ saiu no Brasil pela primeira vez em 1995 e não havia nenhuma dúvida sobre a compreensão do que era bem ou mal, mais de vinte anos depois um filme dos Vingadores foi realizado e de repente destruir metade dos seres vivos do universo virou alvo de discussão se seria uma solução viável. O que a humanidade avançou em tecnologia não conseguiu avançar em pensamento racional e isso não é culpa de Thanos, que inventa no cinema uma desculpa qualquer para justificar o seu ódio; e nem é culpa do seu criador Jim Starlin que sempre deixou claro que Thanos é um vilão e ponto final. Essa ideia absurda de passar pano pra ideias genocidas é fruto de uma época alimentada pelo ódio que a facilidade do acesso as redes sociais possibilitou a saída de fantasmas disfarçados de "opinião" que atingiu tanto a humanidade a ponto de instituições serem contra o anti-fascismo (é lógico que a ideia contrária ao anti-fascismo é o fascismo). Hoje é comum exaltar símbolos nazistas e isso passar impunemente . Por isso, qualquer ideia de extermínio de massas é algo aceitável na sociedade que prega a morte como solução pra tudo. A dúvida se Thanos é um herói ou vilão é um sinal do quanto a sociedade está doentia. 

A obra é desenhada por George Pérez e Ron Lim. Se compararmos essa HQ com outras desenhadas por Pérez, veremos que ela está longe de ser uma das suas melhores obras mas ainda assim traz um traço acima da média e ainda dá aquele estilo gostoso dos anos 80, quando ele tanto brilhou. Ron Lim desenha a metade final e seu traço se adequa bem ao estilo de Pérez, portanto a mudança não causa grande impacto na leitura. Os desenhos fica à altura do roteiro e traz momentos fabulosos como o local que Thanos constrói para homenagear a morte ou a narrativa visual que se constrói para mostrar os momentos mais emocionantes.

Veredito

Desafio Infinito é um clássico da Marvel por introduzir a arma mais poderosa dos quadrinhos da editora: a Manopla do Infinito. A experiência da leitura da HQ mostra o quanto difere da adaptação para o cinema, por isso para quem viu o filme e nunca leu quadrinhos pode aproveitar tanto quanto o leitor veterano. Essa é uma história com tantos acontecimentos interligados que garante aquela diversão que só as boas histórias de herói nos traz. 

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Ficha técnica:

Traduzido por: Leo "Kitsune" Camargo

Publicado em: abril de 2018

Editora: Panini
Licenciador: Marvel Comics
Categoria: Álbum de Luxo
Gênero: Super-heróis
Status: Edição única
Número de páginas: 372
Formato: Americano (17 x 26 cm)
Colorido/Capa dura

Preço de capa: R$ 113,00


Destaque da obra:
 Surgimento da Manopla do Infinito


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