A Skript Editora está com a proposta de trazer ao Brasil publicações de países e até mesmo continentes que praticamente não tem nada publicado no Brasil. Para ter uma ideia só do continente africano em 2021, essa é a terceira publicação e cada uma delas veio de um país diferente. Essa HQ produzida por roteirista francesa conta com um desenhista camaronês e toda a ambientação é fruto da cultura da República dos Camarões. Pra quem dá uma olhada superficial, vai encontrar vários códigos que lembram o gênero terror. O fato é que as culturas distantes são naturalmente demonizadas e por isso é comum encontrarmos pessoas que tem a primeira sensação de medo ao se deparar com tradições diferentes das suas.
Vou deixar aqui as palavras da Skript sobre o enredo:
"A HQ traz a história do eminente professor Jacques Mékamgang, que apresenta os resultados de seu último trabalho no grande anfiteatro da Faculdade de Física dos Materiais de Lausanne. Diante de uma plateia de colegas de todo o mundo, ele fala com paixão sobre ligas metálicas com memória de forma. De repente, ele é tomado por um tremor e busca respirar abrindo a gola da camisa. O público se preocupa com pausas no fluxo de seu discurso. Enquanto os projetores são dirigidos para ele, o olhar febril de Jacques esquadrinhava a parte de trás do anfiteatro. Lá, no crepúsculo, por um momento, ele viu uma figura estranha com olhos vermelhos brilhantes olhando para ele. A criatura usa um grande casaco adornado com conchas, peles de leopardo e tecidos tradicionais africanos. Este é o Mpoue.... e qual a razão de seu surgimento?
Em um quadrinho que discute responsabilidade, cultura e terror, O Chamado de Mpoue traz um inusitado terror com um final surpreendente." (Editora Skript)
O roteiro é da francesa Blanche Lancezeur, os desenhos é do camaronês Martini Ngola, um artista autodidata que faz os impressionantes desenhos que ilustram esse texto. Eu não sei quanto a vocês mas por mim eu teria um pôster de cada desenho dessa obra. A edição brasileira será traduzida por Márcio Rodrigues, A edição brasileira será traduzida por Márcio Rodrigues, estudioso do campo dos estudos africanos e afro-brasileiros e atualmente professor da UEMA. Inclusive ele vai editar o quadrinho junto com Douglas Freitas, um dos sócios da Skript Editora. Se você está lendo esse texto antes de 11 de agosto de 2021 você pode apoiar a publicação e garantir o desconto de 30%. No momento em que eu escrevo esse texto a publicação atingiu 124% da meta. Ah, uma curiosidade: a pronúncia da palavra aí do título é /umpôe/ .
Além de diversão, os quadrinhos são uma forma do leitor estabelecer contato com diversas culturas e com o seu jeito peculiar de narrá-las. Apesar de grande parte da população brasileira ter uma descendência de povos africanos, algo que vai muito da quantidade de melanina nas nossas células, não conhecemos praticamente nada dessas raízes e demonstramos uma fascinação exclusiva pelas raízes européias. Já era hora de editoras se interessarem pela produção do Continente Mãe e felizmente a Skript está fazendo um trabalho respeitoso.
Apóie o quadrinho clicando aqui.
Leia também:
Comentários
Postar um comentário