O Lanterna Verde é um personagem que permite explorar a DC na essência do seu conceito de Universo. A sua Tropa composta por seres de diversos planetas, o leva a visitar vários mundos. O roteirista Grant Morrison propõe trabalhar a sua obra por temporadas como os seriados, cada temporada possui 12 capítulos e pode contar com séries derivadas. A Editora Panini publicou essa temporada na revista bimestral do personagem entre 2019 e 2020.
Hal Jordan estava levando uma vida comum e estava de licença imposta pelos Guardiões do Universo, criadores da Tropa do Lanterna Verde, até que foi convocado a retornar a Oa, o planeta onde eles vivem. Enquanto isso, um segmento dos Darkstars estava disposto a retomar a guarda do Universo mas agora com outras diretrizes. Os Darkstars foram a guarda do universo quando os Lanternas Verdes foram destruídos e agora uma parte deles querem patrulhar o universo mas com um código de conduta com ideias deturpadas de justiça.
O roteirista Grant Morrison é conhecido tanto por Hqs de heróis que agradaram muitos como na Liga da Justiça do fim dos anos 90, quanto por obras autorais com tanta referências que são difíceis de entender como Os Invisíveis (pra ficar em apenas um exemplo de cada). A história inicia da forma mais clichê possível com aquela cena do herói que abandonou tudo, um início que afasta logo o leitor mais exigente. Contudo ao final da primeira edição, conhecemos o enredo principal e podemos perceber que há algo diferente ali.
Contudo a história envereda por caminhos estranhos e, se em alguns momentos a história fica interessante, em outros fica difícil acompanhar toda a viagem psicodélica por onde viaja o autor, momentos de desafio em que a gente não sabe se o roteiro fugiu completamente da lógica ou se aquilo são um conjunto de referências que a gente não conhece. Nessa hora eu ficava em dúvida se continuaria a ler ou não.
O fato é que essa é uma história que procura sair da proposta comum dos quadrinhos de heróis. Além disso, apesar do autor não modificar a personalidade do personagem, ele acrescenta elementos como detalhes que explicam o porquê dele se comunicar com o seu anel de poder. Há outros elementos que foram trabalhados por outros autores e que são resgatados aqui como os Darkstars, seu passado como Parallax, sua relação com o Arqueiro Verde,as tropas dos Lanternas "coloridos" e os 52 universos paralelos.
Se o roteiro é polêmico, os desenhos não deixam dúvidas, são excelentes. Liam Sharp inspirado no estilo realista de Neal Adams, faz uma arte que não apenas complementa o roteiro mas em alguns momentos o salva. Eu acho que são poucas as pessoas que entendem o que se passa pela cabeça de Morrison e Sharp é um deles. É admirável a arquitetura alienígena que ele criou tanto para prédios quanto para naves. Ele consegue nos convencer que realmente estamos num outro universo. Uma arte que vai além do interior dos quadrinhos e que acaba presente inclusive no lay out das páginas. Sharp nos faz compreender exatamente onde ele quer chegar com sua arte que além de trazer sentimentos saudosistas é também inventiva. É uma pena que a mesma objetividade não é vista no roteiro.
A primeira temporada do Lanterna Verde de Grant Morrison foge ao padrão dos quadrinhos de heróis mas dificilmente estaremos vendo um nascimento de um clássico. Eu não recomendo pra novos leitores e sim para aqueles que conhecem o jeito psicodélico do autor. Os quadrinhos de heróis são tão parecidos que propostas diferentes me atrai, para mim a leitura foi divertida na maior parte do tempo, houve momentos que o autor foi irritante com páginas incompreensíveis mas ainda assim achei interessante a proposta que não muda em nada o policial espacial chatinho, mas procura ampliar o seu universo. Se você conseguir deletar alguns momentos vai notar que o enredo principal é interessante.
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