Batman versus Grendel




O professor Farauk Vinod resolveu fazer uma exposição sobre a violência no museu de Gotham City. O evento conta com imagens e objetos dos maiores vilões da cidade além da esqueleto do gênio do crime falecido conhecido como Grendel. Além de protestos contra esse tipo de amostra, o evento atrai a presença de um assassino que se auto-intitula como Grendel. Batman sabendo que o evento provavelmente iria acabar muito mal, estava por lá quando o vilão apareceu. Grendel é um personagem da editora Dark Horse, assim esse é um crossover entre Darkhorse e DC. A mini-série foi publicada em duas partes pela Mythos Editora em 1996 e encadernada em um único volume em 1997. 

O artista Matt Wagner criou o personagem Grendel e escreve e desenha essa história. Aqui ele faz referência a Frank Miller utilizando a mídia como parte da narrativa ao citar acontecimentos através de comentários de tele jornais. A história toca na polêmica sobre o fato de exibir a violência não torne um fator que a estimule. De um lado, há manifestantes contrários àquilo por achar que essa é uma forma de exaltar criminosos e colocá-los como exemplo. Por outro lado há a visão do professor que acha que o horror não deve ficar escondido para poder alertar a população do mal que isso traz. O fato é que o assunto da violência quando mal trabalhado por uma obra causa fascínio por aqueles que já a utilizam (ou gostariam de utilizá-la) como um recurso viável. Para quem já tem uma compreensão das consequências danosas do ato, uma obra sobre o assunto reforça a sua ogeriza, ou seja, o autor pode eliciar no seu público um efeito contrário ao pretendido. Eu penso que se a pessoa pretende alertar sobre os malefícios da mesma seria interessante ser bem claro sobre isso, vide as consequências do filme Tropa de Elite, uma obra que pretendia mostrar como a violência cria um círculo vicioso que piora a vida da população, transformou a insanidade do protagonista como ato heróico a ponto de inspirar a ação de milicianos Brasil afora. 


Esse gibi toca na questão e coloca alguns pontos de vistas mas não tem a intenção de aprofundar-se na discussão sobre a violência. Após apresentar a polêmica, a narrativa segue num ritmo frenético de perseguição. A segunda parte aprofunda sobre a origem de Grendel e melhora muito o roteiro do gibi ao levar o Batman a procurar uma solução contra a ameaça do vilão. Há um furo de roteiro que me incomodou, ao lutar contra Geendel, Batman quebra um dos ossos no braço, a história se passa entre pouco mais de uma semana e em menos tempo do que isso, o braço do herói está plenamente recuperado. Teria sido bem melhor se o autor tivesse omitido esse detalhe.

O traço de Matt Wagner é sujo e dinâmico e lembra nesses aspectos o do Frank Miller ainda que o artista tenha o seu próprio estilo.  As páginas são bem sombrias e se enquadra bem nas características dos personagens. Há vários momentos como as imagens que ilustra esse texto, em que o autor cria cenas belíssimas dos personagens.

Batman versus Grendel é um ótimo crossover que cria um enredo em cima da polêmica da violência ser um estimulante ou uma advertência sobre as suas consequências ainda que não tenha a intenção de aprofundar-se sobre esse tema. Com um roteiro e um traço dinâmico, a história apresenta bem o persongem da Editora Dark Horse para novos leitores e traz uma história do Batman que vale a pena. 


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