Contagem Regressiva é um termo que aparece em vários textos do blog, mas a DC no início do século era um poço da falta de criatividade em nomear títulos. Entre 2008 e 2009 chegava às bancas pela Editora Panini uma máxi-série em 13 números, nos EUA foi lançado como uma série semanal de 51 edições. Aqui uma série de acontecimentos estranhos permeiam o universo DC enquanto Monitores de várias realidades estão ali fazendo as correções, em meio a isso, estão vários heróis que não fazem noção do que está acontecendo, para piorar temos o Darkside que parece estar manipulando tudo a seu bel prazer.
O multiverso de 52 Terras possibilita que seres de um universo possa ir para outro, porém os Monitores estão ali para impedir que essas viagens venham a pôr novamente o multiverso em risco, para eles existem 3 anomalias na Terra 1 que podem iniciar uma nova Crise: Tróia, Lanterna Verde Kyle Rayner e o Capuz Vermelho. Quando a filha do Coringa é morta na Terra 1, Jimmy Olsen inicia uma investigação sobre o que estava acontecendo e quem seria esse alienígena assassino, até quando ele se depara com o cadáver do Novo Deus Magtron que pode mudar completamente a investigação.
A história se divide em seis narrativas diferentes, além das duas citadas há a busca do jovem Karatê Kid da Legião dos Super-Heróis, uma equipe do Século XXX, que permanece em nossa era para investigar uma doença que o afeta. Mary Marvel não tem mais os poderes de Shazam e recebe do Adão Negro todos os poderes dele. O Trapaceiro e o Flautista que passaram a ajudar o Flash, precisam convencer os demais vilões de que eles não são traidores até que a morte de um herói cai no colo deles e a sua situação complica ainda mais. A ex-Mulher Gato Holly Robinson procura um novo caminho e encontra um abrigo pra mulheres coordenado por Amazonas e encontra por lá a Arlequina. Os roteiristas dessa obra conseguem conduzir essas histórias com a intenção de uni-las numa só, convergindo os acontecimentos.
A obra é escrita por Paul Dini que contou com a colaboração de Jimmy Palmiotti, Justin Gray, Tony Bedard, Adam Beechen, Sean McKeever e contou com a consultoria de Keith Giffen. O formato utilizado é o mesmo da máxi-série 52 com uma publicação semanal durante um ano e que coloca como protagonistas personagens pouco relevantes da DC. Para piorar, até meados da revista, a história exige a leitura de diversas séries e outras revistas externas a essa para a compreensão dos acontecimentos narrados ali, a estrutura narrativa possui tantos cortes para mudar de um personagem para outro que prejudica a imersão na leitura.
Contudo no terço final o enredo fica mais dramático com a participação direta de Darkside e a história se afasta das similaridades de 52 e passa a mostrar a que veio. Os autores fazem menos cortes e inserem pouca referência a acontecimentos externos ao quadrinho, mostrando ali que não é simplesmente uma cópia. É muito difícil encontrar séries em que há o envolvimento de Darkside e não funcionarem e essa daqui é mais uma. Como leitor que acompanho o Universo DC a algum tempo, é gratificante ver a forma como personagens sumidos há tempos aparecem ali bem caracterizados e melhora ao perceber como o roteiro encaixou bem cada personagem.
Os desenhos são de Jesus Saiz, J. Calafiore, o paranaense Carlos Magno, David Lopez, Tom Derenick, Manuel Garcia, Adam Beechen, Mike Norton, Al Barrionuevo, Scott Kolins, Ron Lim, Jamal Igle, Howard Porter, Pete Woods, Wayne Faucher, Jim Starlin, Freddie Williams II. O traço não tem muita surpresa e segue o padrão das revistas de herói, eu destaco o trabalho de Carlos Magno que além de ser mais detalhista, consegue trazer cenas com ângulos inusitados. O desenho traz um elemento estranho: a Mary Marvel aparece com os poderes do Shazam e do Adão Negro, na maioria dos quadrinhos em que ela está com os poderes do vilão, os desenhistas a colocam numa posição em que a sua calcinha aparece. É possível que a intenção seja passar sensualidade com a perda da sua inocência mas ainda assim foi uma péssima escolha narrativa dentre as várias que poderiam passar a mesma ideia, em vez disso a deixa apenas como um objeto de desejo oco. Em vez de passar uma metáfora, o recurso dá a impressão de que é um quadrinho feito por menino hétero para menino hétero.
Contagem Regressiva é uma máxi série com o enredo interessante mas que as similaridades com a série 52 passa uma mal impressão. Quando a revista aproxima-se do fim, ela ganha uma identidade própria e consegue realizar a proposta ousada de unir seis histórias numa só. Essa é uma história voltada para o leitor da DC que acompanha o Universo há algum tempo e que infelizmente faz muita referência a acontecimentos externos e que acaba exigindo a leitura de várias revistas que foram lançadas na época, algo que só atrapalha a experiência de uma história bem elaborada.
SPOILERS APÓS A IMAGEM
Destaque da obra:
Morte de Magtron, Trapaceiro e Karatê Kid
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52 - As Semanas que Redefiniram o Universo DC
Crise Infinita - o retorno definitivo do multiverso na DC
Guerra Rann/Thanagar - Contagem Regressiva para Crise Infinita
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