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Em dezembro de 2016, a editora Panini publicou o terceiro álbum de Astronauta pelo selo de quadrinhos adultos Graphic MSP. O paulista Danilo Beyruth que assina os gibis anteriores insere uma personagem e uma situação inusitada que irão trazer repercussão nos álbuns posteriores. Apesar da proposta do selo ser de uma história fechada por álbum, em Astronauta os acontecimentos anteriores geram uma certa repercussão mas a situação mostrada nesse álbum possui uma importância ainda maior nas demais histórias do personagem para o selo.
Astronauta interrompe suas férias por não saber lidar com a sua solidão e encontra no trabalho uma forma de esquecer os seus sentimentos. Assim ele recebe uma missão de investigar uma emanação de energia vinda de Saturno. Ao chegar lá, ele se depara consigo mesmo mais velho. Em algum momento, o tempo se dividiu e deu origem a uma linha do tempo em que o Astronauta envelheceu e formou uma família com a Rita e uma filha chamada Isabel.
Para compreender como isso ocorreu, uma entidade alienígena estuda a fundo as lembranças dos dois Astronautas, pra complicar, a entidade possui um ser protetor que está ali para matar quaisquer seres vivos que aproximem-se dela. Os astronautas além de fugir do ataque do arauto, precisam retomar às suas respectivas realidades.
Essa Graphic novel, como de costume, explora conceitos da física. O conceito escolhido para essa história é a formação de realidades alternativas, algo muito presente nas histórias de ficção. O diferencial nessa história é a descoberta que as escolhas emocionais do protagonista foram o que geraram um outro universo paralelo. A decisão sobre se ele iria arriscar deixar a sua vida dedicada a ciência para viver um amor foi crucial para estabelecer essa nova realidade. Assim como o protagonista, somos levados a crer que teria sido uma falha qualquer no espaço tempo ou a transmissão de raios cósmicos que gerariam uma outra realidade.
É aqui que eu destaco a criatividade com que Beyruth cria personagens e a sua motivação. Ainda que seja visível a influência de Jack Kirby na entidade alienígena que lembra vários aspectos de Galactus e o Surfista Prateado, a entidade não tem uma função sinistra de consumir planetas e nem o seu arauto está ali para refletir sobre a existência. A entidade quer compreender a formação de uma nova realidade a partir do ser que lhe deu origem. Algo que faz bem mais sentido vindo de um ser bem mais desenvolvido. O autor não apenas cria situação inusitada para colocar em prática teorias astrofísicas mas concebe de uma forma convincente além do aspecto visual os seres que serão antagonistas, além da forma de agir dos personagens a partir das suas motivações. Ao final, a filha do Astronauta envelhecido Isabel fica presa na realidade do protagonista e cria o gancho para as próximas histórias em que ele precisará devolvê-la para a sua própria realidade.
Astronauta Assimetria traz a personagem Isabel, que facilmente conquista com o seu carisma o leitor. Além disso, como ela pertence a uma outra realidade, isso gera um gancho narrativo para outras histórias. Além disso, esse gibi explora de maneira divertida a ideia de realidades alternativas e faz uma associação inusitada disso com as decisões emocionais do personagem. A inventividade em saber como criar personagens, a forma como Danilo Beyruth explora conceitos científico e o cuidado com o aspecto emocional fazem desse gibi uma excelente leitura.
Ficha técnica:
Publicado em: dezembro de 2016
Formato: (19 x 26 cm)
Colorido/Lombada quadrada/ capa dura ou capa cartonada
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