Nessa mini-série, Ângela acabara de completar cem mil anos quando ela é presa por ter cometido uma série de crimes, dentre eles ter ido à Terra caçar Spawn sem ter informado às autoridades celestes e ainda por cima ter entregue a cria do inferno uma arma. Para tentar tirar a guerreira dessa enrascada, suas amigas vão em busca do Spawn para que ele vá ao Céu (mais especificamente ao Elíseo) testemunhar em favor daquela que queria ver a sua cabeça separada do pescoço.
O roteirista Neil Gaiman traz um ótimo enredo e cria uma história cujo destaque maior é o detalhamento do reino dos anjos e toda a burocracia em torno da atuação dos anjos e quais são os seus propósitos. Contudo é preciso lembrar que a obra foi publicada na Image dos anos 90, cuja proposta era a ênfase nos desenhos em vez de um enredo muito elaborado. Por isso, o leitor do Gaiman vai sentir uma perda na qualidade em comparação ao seu texto habitual. Nessa história a qualidade vai numa decrescente, passando por piadas clichês de filmes da Seção da Tarde até uma conclusão ingênua com uma vilã com uma motivação pouco coerente.
Os desenhos de Greg Capullo se enquadra bem com a proposta machista da época, um desenho muito bom mas cheio de problemas. A criação dos personagens e principalmente da ambientação é elogiável, ele conseguiu traduzir bem o cenário onírico e surreal de Gaiman, contudo o seu traço exagera nos excessos de pontas tais quais o design de nome de banda de Heavy Metal. Capullo desenha mulheres para homens heteros com suas roupas minúsculas e em poses sensuais, sem motivo algum, as suas personagens estão sempre empinando a bunda, o próprio Gaiman faz uma crítica sutil numa fala do Spawn que pergunta sobre o porquê das mulheres todas se vestirem com trajes de dançarinas exóticas.
A mini-série Ângela hoje é um gibi raro devido a desgastante briga judicial que torna a sua republicação improvável. Apesar de servir como referência a esse conflito dos bastidores da produção de quadrinhos, o gibi decresce de qualidade no desenvolvimento da trama. Aos fãs do Neil Gaiman, não ter essa história na sua coleção não é perda alguma. Se ainda assim a pessoa quiser ler vá em frente, a história pode ser lida por fãs do Spawn ou por leitores recentes. O gibi atualmente serve como uma referência para conhecer melhor o universo da personagem já que atualmente ela pertence a Marvel e pode ser reaproveitada a qualquer momento.
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