Nonnonba - o mangá que mostra o folclore japonês

 


Nonnonba conta a história de Shigeru, um garoto que não gosta muito de ir à escola mas que tem uma grande paixão: desenhar. Ele vive em meio a "guerra" entre grupos de crianças que moram ali por perto para "disputar territórios". Entre uma fuga de uma tarefa e um "cessar fogo", o garoto ouve as histórias e os conselhos de Nonnomba, uma idosa que trabalha como empregada doméstica mas que conhece tudo sobre o folclore japonês. Em 2007 esse álbum escrito e desenhado por Shigeru Mizuki ganhou o prêmio Angoulême na França. 

A história é uma ficção mas com um pé na auto-biografia. Shigeru Mizuki teve na infância uma senhora que cuidava da sua casa e contava a ele histórias sobre os Youkai. Esse termo abrange diversas manifestações folclóricas do Japão e a história dos youkai mostra que eles estão em diferentes locais e assumem formas distintas. O autor aproveita para inserir no álbum alguns acontecimentos tristes que ele vivenciou e o que ele acabou aprendendo com o seu sofrimento. O mangá é feito para ser lido para pessoas de quaisquer idade, por isso que algumas situações são bem abrandadas, por exemplo, a disputa entre os grupos de crianças rivais representa a guerra real que ele vivenciou e como isso impactou a sua personalidade a ponto de influenciá-lo a crer em soluções pacifistas para as disputas entre povos. 

Shigeru Muraki é de uma família classe média cuja mãe Michi tem muito orgulho de ter um sobrenome, uma conquista recente entre as gerações da família dela. O pai do protagonista é um funcionário público que carrega consigo o sonho de ter uma sala de cinema e, por isso, consegue economizar um dinheiro para comprar uns equipamentos. A personagem que dá título ao livro está ali como uma coadjuvante, ao início é apresentado a sua condição de pobreza e basicamente apenas isso é mostrado sobre a sua vida. A sua participação na história se dá nos seus ensinamentos sobre a cultura, tradição e a sua sabedoria. 

Nonnomba é uma leitura que de início achei tediosa, o autor faz contos explicando alguns dos youkai e os insere ali como personagens que vão interagir com Shigeru. Em seguida, a história fica mais interessante por passar a fixar-se nos personagens e em sua família, principalmete quando a narrativa mostra alguns acontecimentos dramáticos, o autor começa a explorar um enredo passando a focar-se numa história maior sobre os personagens.

Os desenhos de Shigeru Mizuki tem um traço limpo e arrendondado, um estilo voltado para um púbico infantil. Na verdade o quadrinho é para pessoas de quaisquer idade, inclusive aconselho ao adulto ler antes de mostrar a criança e avaliar se temas como luto e o desemprego despertam gatilho emocional ao criança que vai ter contato com a obra.  

Ainda que o jeito de contar a história não tenha me prendido muito, Nonnomba tem como aspecto positivo o jeito ilustrado e acessível com que o autor mostra o folclore. Além disso, chamou-me a atenção o fato com que é mostrado os ensinamentos da personagem título e como os acontecimentos da vida de Shigeru faz com que ele evolua. 

Nonnonba é um mangá que ao mostrar detalhes do folclore japonês acaba revelando detalhes da vida do autor. A narrativa em si não me prendeu. Contudo admito que me surpreendi com os ensinametos da personagem título e como eles foram importantes para o amadurecimento do protagonista. A primeira edição do mangá, que traz uma história completa, foi esgotada mas a Editora Devir publica a segunda edição em 2020 pelo Selo Tsuru. 

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Ficha técnica:

Publicado em: março de 2018

Editora: Devir

Licenciador: Kodansha
Status: Edição única
Número de páginas: 422
Formato: (17 x 26 cm)
Preto e branco/Lombada quadrada

Preço de capa: R$ 89,90

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