Sands nem pensou muito bem na confusão que ia gerar em publicar um livro com uma temática tão bombástica. À medida que ele vai investigando, ele descobre um esgoto moral do milionário que parece não ter fim. Logo no início da história, Clark Kent é interrogado sobre a morte de Sands, pois é, tudo indica que o jornalista foi longe demais e sobrou pro repórter do Planeta Diário a acusação pelo assassinato.
O roteirista James D. Hudnall consegue fazer uma narrativa noir que é difícil de ser realizada dentro do universo do Superman que costuma histórias com aventuras com muito vôo, briga e tiro. Essa forma inusitada de gênero para os personagens de Metropólis é o grande destaque. Um outro desafio que o autor se impôs foi utilizar apenas Clark Kent como um dos personagens, ele até menciona o Superman mas o herói não é utilizado em praticamente nenhum quadrinho.
Lendo dessa forma dá a impressão que a história é chata e pretenciosa. O fato é que, ao mesmo tempo em que a narrativa mostra detalhes sórdidos do principal vilão do Homem de Aço, há todo o clima de perseguição e investigação como uma boa história de detetive. Além disso, a história mostra como o ser inteligente não vai garantir que aquela pessoa trace os melhores caminhos na vida, mas que toda a agilidade em resolver problemas pode levar uma pessoa a ir ao mundo do crime ou conseguir disfarçar outros tantos dentro da lei. É a inteligência associada ao poder político que tornam uma pessoa desprovisa de poderes como Lex Luthor, alguém perigoso o suficiente para ser o maior adversário do Superman.
Para abrilhantar ainda mais, o uruguaio Eduardo Barreto traz um lápis detalhista e com uma excelente capacidade narrativa ao encontro do desafio que é essa história em quadrinhos. Os quadros são coloridos mas ainda assim ele reforça os tons claros e escuros para se adequar ao ambiente noir, que, para isso, contou com a colorização de Adam Kubert.
Lex Luthor Biografia Não Autorizada é uma excelente graphic novel que pode ser lida por qualquer leitor (seja calouro ou veterano nas hqs). A história surpreende por ser uma história de detetive com os personagens do Superman e explora bem os detalhes da história do empresário mais poderoso de Metrópoles de tal forma que não pode ficar de fora de alguém que queira boas referências do personagem.
Além dessa história, o encadernado da Panini traz a primeira aparição de Lex Luthor em 1940 numa história bem datada dos criadores do personagem, Jerry Siegel e Joe Shuster. Aqui é possível ver um Superman que ainda dava saltos em vez de voar e que utilizava de resoluções bem cruéis para resolver os conflitos com os seus vilões.
A história seguinte é uma história do Clark, Lois e Luthor após a reformulação do Homem de Aço por John Byrne após a mega saga Crise nas Infinitas Terras nos anos 80. O destaque dessa história é como Lois Lane rouba a cena com a sua auto-comfiança que a torna capaz de encarar qualquer um.
Apesar desse ser um encadernado relevante, a Editora Panini erra em não dar os créditos completos das duas últimas histórias cabendo ao leitor pesquisar para saber os autores e editores. Além disso, por se tratar de um livro de capa dura, cabia ali uma matéria sobre as histórias que o leitor tinha em mãos e a relevância das mesmas para o mito do Superman.
Ficha técnica
Editora - Panini
Data da publicação - fevereiro de 2019
Número de páginas - 92
Formato - 19 x 28 cm / capa dura / colorido
Preço de capa - 35,90
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