É hora de ajudar as bancas e as comic shops


Imagine um país que não há mais nenhuma banca ou comic shop, lá só existe a venda de gibis físicos em algumas lojas virtuais ou você tem que lê-los de forna digital. Bem, eu imaginei e para mim isso foi um pesadelo. O Brasil estava começando a se erguer de uma crise editorial terrível quando o mundo é atacado por um vírus mortal que se espalha rapidamente. O adoecimento e/ou morte simultâneos de milhares de pessoas, deixa qualquer sistema de saúde em colapso, o que necessariamente vai interferir na economia. Os exemplos de ações de países que já passaram pelo pior, mostra que as ações de governo pode ampliar ou dirimir o número de mortes, seja qual for a decisão, a economia do país e do mundo será reduzida em 2020.

Uma situação ruim é muito pior para quem tem uma renda menor. Enquanto os milionários preocupam-se que a sua renda fortuna será encolhida entre 15 e 20%, o cidadão médio precisa preocupar-se com o que vai comer amanhã.

As bancas e comic shops lidam com um capital que reduziu bastante nos últimos anos e não contavam que teriam que passar um tempo indeterminado sem vendas. Eu escrevo esse texto no dia 29 de março de 2020 e sabe-se que as distribuidoras pararam de fazer entregas e várias editoras pararam de prodizir material novo até a situação melhorar, sendo que ainda não chegamos no pico de contágio.

Se a tragédia causada pelo vírus é desanimadora, estamos sob um governo que manda mensagens contraditórias e com um líder irresponsável (o mais correto é dizer criminoso). As propostas de ajuda aos mais pobres e aos pequenos comercientes avançam no legislativo mas não se sabe ainda quando toda essa burocracia será superada e a população poderá se resguardar pelo menos de alimento durante a pandemia.

É aqui que nós leitores de quadrinhos devemos nos mobilizar e ajudar no que for possível. Os quadrinhos me acompanham desde a infância e é fonte de distração, alegria, crescimento e força por ser hoje a minha principal fonte de entretenimento, com o apertar dos cintos que acabou ocorrendo em minha vida, eu vi que era possível abrir mão de várias coisas, exceto dos quadrinhos.

Para mim, essa é a hora de retribuir com o que posso e ajudar as bancas e as comic shops a não fechar. As grandes redes de compras (principalmente as multinacionais) têm capital pra sobreviver uns meses com prejuízo. Eu proponho àqueles que estão em confinamento mas tem uma renda fixa a continuar comprando quadrinhos de banca e de preferência agora.

Com tantos anos como leitor eu estou cada vez mais criterioso com as minhas compras mas esse é um período de exceção em que não se sabe quando exatamente virá os lançamentos e, se a gente está disposto a ajudar, precisa escolher o que há a disposição. Isso, claro, se a banca ou comic shop disponibilizou um meio para fornecer esse material aos seus clientes (compra virtual, entrega em casa, cuidados com o entregador ou o cliente pegar na casa do proprietário).

Não há como superar as terríveis consequências dessa tragédia sem buscar caminhos de sacrifício em prol dos mais vulneráveis nessa situação. Por mais clichê que seja, querendo ou não, é um momento de união. Para aquelas pessoas que têm na leitura de história em quadrinhos algo relevante na sua vida e pode contribuir, eu espero que esse texto tenha sido útil não apenas para a reflexão mas que desperte uma atitude imediata.

A pandemia vai passar apesar da dor terrível que ela irá nos causar mas essa é a hora de acolher e fazer algo em benefício de quem está mais vulnerável.

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