A Morte do Capitão Marvel : a Graphic Novel clássica


ESSE TEXTO CONTÉM SPOILERS

As histórias de super-heróis geralmente tem um enredo geral repetitivo. O roteirista Jim Starlin quis quebrar o padrão de herói-enfrenta-vilão e escreve a última história de um personagem que se consagrou nos anos 70. Poucos são os personagens que permanecem mortos no mundo dos super heróis e o Capitão Marvel é um deles. O encadernado traz também uma história prólogo e duas outras histórias.

O final do evento conhecido no Brasil como a Saga de Thanos fez com que não houvesse mais um perigo iminente no universo. Assim, o Capitão Marvel passou a ficar um tempo na Terra afim de proteger o seu  planeta adotivo. O herói conseguiu impedir o vilão Nitro de matar milhares de pessoas mas o preço foi a contaminação do seu corpo de uma forma definitiva.

Mar-vell contraiu câncer fruto de envenanamento radioativo e nada mais poderia ser feito. A partir daí, o herói revisita a sua vida e a gente vê um resumo dos acontecimentos que levaram a ele deixar de ser um soldado do planeta Kree, revoltar-se com as injustiças de ordens tiranas e passar a ser o protetor da Terra e de todo o universo. Contudo tanto poder e vitórias não foram o suficiente pra impedir que ele ficasse imune a uma doença mutante.

O seu parceiro Rick Jones, revoltado com a situação resolve convocar os Vingadores para encontrar uma solução. As maiores mentes do planeta, que conseguiram vencer armadas alienígenas e projetar fascinantes tecnologias encontram-se incapazes de descobrir uma cura para uma doença que acabou ganhando ainda mais resistência devido aos braceletes de Mar-Vell.

Jim Starlin faz uma história dramática e nos desperta uma sensação diferente de empatia com os heróis que poucos autores conseguiram despertar. A morte é uma situação possível seja você quem for e isso nos deixa ainda mais vulneráveis quando vemos o quanto afeta até mesmo um ser superpoderoso. Esse aspecto existencialista é o grande destaque da história que se atreve a abandonar um enredo cheio de ação e aventura para nos tocar e pensar a respeito da brevidade da vida.


O luto é algo que aparece não apenas quando a pessoa morre, mas o processo já inicia quando um paciente está em fase terminal ou quando é um diagnóstico que não pode ser revertido. O roteirista nesse aspecto consegue mostrar isso nas diferentes reações de Rick Jones no decorrer da morte. A psiquiatra Elisabeth Kubler-Ross no seu livro "Sobre a Morte e o Morrer" enumera 5 fases do luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. No decorrer da história vemos o adolescente passar por 4 dessas fases. Rick Jones é a voz e a reação do leitor na história e as suas emoções traduzem bem a indignação de quem estava acompanhando as histórias do Capitão Marvel e vê, de repente, o seu personagem sumir definitivamente.

Nessa história, Jim Starlin escreveu e desenhou e percebemos nos detalhamentos do traço o quanto ele se dedicou para prestar uma homenagem. Starlin já tem ótimo traço e é um dos melhores artistas no universo de super-heróis e nessa história ele faz um acabamento ainda melhor. Além de todo enfoque emocional, de recursos de sombra para realçar uma cena, Starlin faz páginas com um quadro único com vários personagens e demonstra o mesmo cuidado com todos eles. Um outro destaque nos desenhos é o aspecto físico do protagonista com o avançar da doença que aprofunda o drama do gibi.

Além da história principal, há duas histórias menores. Uma desenhada e roteirizada por Jim Starlin e teve os balões escritos por Steve Englehart, a história está ali basicamente para mostrar como o herói contraiu câncer. A outra história foi escrita por Doug Moench e desenhada por Pat Broderick. Essa basicamente mostra que não havia mais a troca de lugares entre Rick Jones e o Capitão Marvel, podendo serem vistos lado a lado.  Além disso essa é uma outra história de enfoque existencial em que o herói aborda sobre a importância da vida para um andróide de Thanos.

A Morte do Capitão Marvel é uma homenagem tão bem feita a um herói que a Marvel nunca cogitou em trazê-lo de volta. A editora manteve esse título mas para um outro personagem que é o filho de Mar-Vell, o Genis-Vell, diferente dos vários outros heróis que morreram, esse não voltou a vida. Devido a importância que o gibi conquistou, ele está no roll dos clássicos da Marvel e merece estar nas coleções dos amantes de gibis de super-heróis, um gibi que emociona e que pode ser lido por leitores amadorea e veteranos, além de ser atemporal. Hoje a Capitã Marvel, inspirada no herói traz o protagonismo feminino e se consolidou como personagem, o que felizmente impede de qualquer tentativa de ressuscitá-lo, fazendo com que essa história icônica não seja desconsiderada.

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Ficha técnica:
A Morte do Capitão Marvel
Publicado em: outubro de 2017
Editora: Panini
Número de páginas: 132
Formato: Magazine (21 x 27,5 cm)/colorido/capa dura
Preço de capa: R$ 39,90

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