Thunderbolts do Hulk Vermelho


O início da Nova Marvel trouxe mudanças e para os Thunderbots a mudança foi completa. A equipe não tinha nenhum membro de nenhuma outra equipe, eu estou falando de: Hulk Vermelho, Justiceiro, Deadpool, Elektra e Venom que estava no corpo de Flash Thompson (o simbionte até fez parte da equipe mas o que conta é o hospedeiro), em seguida, entram na equipe o Líder e Clemência. Dessa vez não se trata de vilões em busca de redenção, agora se trata de anti-heróis com interesses próprios e diferentes entre si.

Com esse perfil de anti-heróis as batalhas não tem nada de cósmico ou uma grande ameaça à Terra, o grupo foi formado pra realizar missões que ninguém quer pegar e que precisa ser realizada de forma discreta, por isso o grupo se envolve inicialmente na deposição de um ditador que, como de costume, tem todo o exército como base de apoio. A história mostra o envolvimento do exército americano que financiou grupos a tomar o poder e que acabaram transformando o país numa ditadura.

Eu preciso abrir um parêntese nesse texto para explicar o que se tratava a iniciativa Nova Marvel. Em 2013, chegavam às bancas no Brasil a mini-série Vingadores vs X-Men. O resultado desse evento levou a uma reformulação na equipe dos Vingadores que passou a contar com mais mutantes, isso porque a mini-série trouxe uma crítica sobre o pouco interesse dos Heróis Mais Poderosos da Terra se envolverem com a causa mutante. A Marvel enquanto editora e empresa de entretenimento, aproveitou o ensejo pra traçar um ponto em que as histórias de todos os personagens teriam arcos novos. Vale ressaltar que a Nova Marvel não é um reboot. Portanto isso permitiu que antigos leitores se mantivessem acompanhando as novas histórias e abriu caminho para a entrada de leitores novos. Além disso, a proposta seria conectar completamente o Universo nas diversas plataformas (hqs, filmes, séries, jogos e aplicativo que conecta a leitura do gibi com informação adicional), o Universo Marvel finalmente seria algo que se comunicasse com um número crescente de pessoas e poderia ser compreendido por todos.


Os Thunderbolts do Hulk Vermelho se apresentam com uma equipe totalmente reformulada mas que ignora a existência da equipe anterior, existente desde os anos 90. O único elo é o fato do nome do alter ego do Hulk ser conhecido como general Thunderbolt Ross. Mas afinal do que trata esse quadrinho? Há uma pitada de política, uma outra de comédia de costumes, mais algumas doses de violência a la Tarantino. Essa receita dá origem a uma história sem gosto por não conseguir se definir. Os leitores novos vão ter dificuldades para entender os poderes da Clemência (na verdade a vilã aparece e desaparece de uma forma muito confusa) e o papel do Líder Vermelho já que se faz necessário saber sobre a Guerra dos Hulks para entender o seu contexto.

O roteirista Daniel Way parece querer trazer uma proposta adulta similar ao selo Vertigo da DC mas passa muito longe disso. Ele trabalha mal alguns dos personagens como a Clemência, que ninguém sabe que ela está no grupo ou o Venom cujos poderes são subutilizados na trama e com um alter ego bem apagado. Entretanto nem tudo é ruim nesse gibi. Eu gosto do humor astuto do Deadpool. O personagem teria tudo pra ter um momento ainda melhor se não fosse por uma paixão pela Elektra que atrapalha o crescimento do personagem na história. O traço conta com o trabalho de Steve Dillon nas primeiras edições e  Phil Noto ao final do primeiro arco. Dillon é conhecido por desenhar Hellblazer pro selo Vertigo e tem aquele desenho realista, com expressões faciais bem definidas que acabam pegando o leitor de surpresa com cenas violentas após uma sequência de páginas só com diálogos. Noto mantém as características do desenhista anterior e não decepciona. Os desenhos certamente são o que há de melhor na história.


Os Thunderbolts do Hulk Vermelho é um quadrinho com crise de identidade, em nenhum momento o grupo se chama assim. Um gibi que mistura vários elementos que não funcionam em conjunto e que não é recomendado para um leitor iniciante e nem agrada ao experiente. O primeiro arco foi publicado no mix da revista Universo Marvel números 1 a 8 entre os anos de 2013 e 2014.


Destaque da obra:
- reformulação dos Thunderbolts para a Nova Marvel

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