Frank Miller criou um clássico das histórias em quadrinhos, Batman Cavaleiro das Trevas foi um sucesso e ajudou a redefinir o personagem. Durante muitos anos, a DC insistiu para que o artista desse continuidadde a obra, mas ele se negou. 15 anos se passaram e Miller voltou atrás da sua decisão e publicou a continuação do clássico nessa mini-série em 3 edições também escrita e desenhada por ele.
O mundo acreditou que Batman havia morrido, porém o herói estava refugiado na sua caverna, treinando jovens da gangue dos Mutantes que decidiram segui-lo. Três anos se passaram e o mundo ficou pior. Os Estados Unidos estava sendo presidido por um regime totalitário que beira ao nazismo. Para Bruce Wayne, isso era insuportável e estava na hora de voltar.
Enquanto isso, Superman continuava a agir como soldadinho do presidente mas logo no início ficamos sabendo o porquê disso. Além dele, Mulher-Maravilha e Capitão Marvel (povo agora está chamando de Shazam, mas aqui não!) era a linha de frente do governo para manter a população sob controle.
Para fazer o contra-ponto a esse governo, Batman contava com a Moça-Gata, que deixou de ser Robin, a sua missão seria ampliar os aliados através da libertação de Elektron e do Flash, cujos poderes estavam sendo usado como fonte de energia nacional.
Batman e Superman que durante muitos anos lutava lado-a-lado, agora tinham preocupações diferentes, enquanto Batman continua a proteger Gotham e resgatar antigos heróis, o Superman precisa impedir que uma ameaça alienígena destrua a Terra. É bem verdade que antes de seguirem o seu caminho, Frank Miller não poderia deixar de fazer um quebra pau entre os dois ícones.
O quadrinho é marcado pela decepção que ele traz. Uma espera de quase duas décadas ttaz o que possivelmente é o pior na obra de Frank Miller. O roteirista faz uma referência a obra clássica ao trazer os dois maiores personagens da DC em lados opostos, utiliza a mídia como elemento narrativo e vai inserindo na história outros personagens afim de mostrar todo um universo de heróis.
Porém em Cavaleiro das Trevas 2 tudo é feito de maneira porca. O embate entre Batman e Superman começa e termina sem ter um motivo convicente, além disso um deles é convencido a mudar de lado de uma maneira muito simples e isso leva a uma mudança radical de postura. Miller aparenta fazer uma crítica ao uso abusivo do corpo da mulher tanto nos tele-jornais quanto nas histórias em quadrinho, porém a ideia é tão pouco desenvolvida que a história parece até que exalta esse tipo de bobagem como se fosse um quadrinho da editora Image nos anos 90. Uma outra coisa que chama a atenção é a participação de outros heróis, o mundo está acabando e o Batman só se importa em libertar heróis que em seguida é utilizado ou não na história. É algo que é nitidamente usado apenas pra mostrar outros heróis ali e pronto.
Os desenhos são um desastre à parte. Em praticamente todo o gibi, os personagens aparecem num quadro sem fundo. A intenção seria a colorista Lynn Valley complementar a arte com as cores digitais. O resultado é que os desenhos de Miller estão horríveis, sem noção nenhuma de fisionamia humana, um traço duro que não tem pouca preocupação com arte final e passa longe da forma genial como ele custuma usar as sombras. Nessa arte, Valley parece que estava brincando de inserir cores e ao final o que já era ruim, ficou ainda pior.
Essa é uma mini-série em 3 edições que teve problemas durante a sua publicação. A terceira edição teve um atraso de meses, o fato é que da segunda pra terceira edição é possível ver um avanço. A segunda edição traz um excesso de páginas com um quadro apenas ou com páginas duplas sem necessidade. A terceira edição traz bem mais detalhes tanto na arte quanto no roteiro, deixando transparecer que houve uma conversa de editor para alertar alguns pontos.
Eu preciso esclarecer que nem tudo é tragédia nessa revista. Frank Miller amplia o número de heróis, cita o que havia ocorrido com boa parte deles, o que é um gancho para a criação de todo um novo universo paralelo. Além disso, aqui aparece pela promeira vez Lara, a adolescente sem noção filha do Superman com a Mulher-Maravilha, além dela Miller resgata a cidade engarrafada de Kandor, um detalhe que terá repercussões em outras revistas. Assim, apesar de todos osproblemas o fato é que a história amplia o universo de Cavaleiro das Trevas e isso leva a publicação de Batman A Última Cruzada e Cavaleiro das Trevas III e já possui o anúncio para mais histórias a serem publicadas.
Batman O Cavaleiro das Trevas 2 pode ser encontrada num encadernado de luxo que traz as duas mini-séries juntas. Se você está procurando pelas melhores histórias do Batman nem perca tempo e nem dinheiro com essa, prefira comprar a mini-série clássica separada dessa edição. Agora se você considera o universo criado por Frank Miller interessante em si (a DC definiu como Terra 31), esse gibi é o preço que se paga para conhecer outras histórias dentro desse universo e a sua leitura é essencial. Essa é uma mini-série que mostra o quanto a associação de Batman com Frank Miller, no final das contas, acaba sendo bem sucedida seja como for.
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