Essa mini-série foi lançada em 1986, escrita e desenhada por Frank Miller e logo tornou-se um clássico das histórias do Batman por ajudar a redefinir o personagem e por trazer uma proposta voltada para o público adulto. Até por isso, é possível dizer que essa história não é clássica apenas para o Batman mas, devido a pluraridade temática e de conceito artístico, pode ser vista como um clássico das histórias em quadrinhos.
A história é um futuro fictício do Batman. O herói estava há dez anos sem dar as caras em Gotham e tudo parecia piorar. Além da típica marginalidade, os habitantes agora temiam adolescentes que se uniam aos demais jovens em gangues denominadas como Mutantes. Enquanto isso, o idoso Bruce Wayne aproveitava a sua vida como playboy até que um debate no noticiário o fez lembrar da sua origem, Harvey Dent (o Duas Caras) acabara de recuperar, o seu rosto estava reabilitado e pronto para sair do Asilo Arkham.
As lembranças do medo que sentiu quando caiu na Batcaverna e do pavor quando viu seus pais serem mortos, eliciou no Homem Morcego a vontade de retornar, ainda que a sua musculatura e ossos estivessem em condições impróprias para isso. Batman retorna adaptado à condição de violência arrebatadora que dominou a cidade. Como uma forma de conter a lembrança de medo, ele voltaria a se tornar o medo dos criminosos da cidade. Assim, o Batman reaparece muito mais violento, apesar de manter a sia regra de não matar ninguém, o vigilante não se abstém de apavorar, quebrar ossos ou aleijar pessoas. Essa nova conduta gera polêmica nos noticiários a ponto do próprio presidente comvocar o Superman pra dar uma passadinha em Gotham pra dizer a ele "Ei, cara, já deu! Baixa a bola!"
O retorno do Batman gera diversas reações e destaco aqui duas que terão importância na narrativa: a volta do Coringa que até então estava catatônico e cuja imagem do seu antagonista o fez retornar a si, já que o Batman é o grande motivador das ações do Coringa; uma outra reação ocorre na adolescente Carrie Kelley que cria um uniforme de Robin e procura ir ao encontro do seu grande influenciador.
Eu comparo o ritmo da história como se você tivesse caindo de barranco alto, a coisa só piora para o protagonista e tudo fica cada vez mais rápido. Já não bastasse o Batman ter que lidar sozinho com o crime de Gotham, a coisa piora com bombas, uma ameaça de guerra mundial, um assassinato em massa e a perseguição do herói pela policia bem na hora que ele estava tentando impedir isso.
Batman O Cavaleiro das Trevas apareceu em meio a outros clássicos como Watchmen e Maus e costumeiramente é comparado com eles. Essas obras foram responsáveis por colocar em foco propostas que se comunicasse com um público adulto. Até por isso, nessa obra a mídia (representada pela TV) participa de maneira tão ativa que ela é praticamente um personagem que além de dar voz a paranóia de uma época, elicia debates com a simples função de polarizar discussões (ou o Batman é um bandido perigoso ou ele é o único capaz de salvar a humanidade).
Além disso, apesar de alguns pontos de vista se mostrarem bem debochados (como a argumentação do psicólogo nas entrevistas) ou simplesmente mostrar fatos com superficialidade (Superman protege os EUA e vai detonar os Russos sem se importar com a razão deles), Frank Miller insere elementos que torna difícil reduzir a obra simplesmente a um discurso reacionário ou progressista. É bem verdade que a ideia principal é que o herói precisa se adaptar ao tamanho da violência que ele enfrenta utilizando meios mais atrozes para isso. Uma ideia que eu discordo completamente para se por em prática mas que diverte numa obra de ficção.
Os desenhos também é de Feank Miller que tem um traço bem duro e que não poderia ser mais adequado ao enredo. Toda a estética das cores serve para acentuar a escuridão e o azul mostrando a distopia que se tornou Gotham. Para quebrar esse aspecto, Miller traz a Robin Carrie com suas cores e que age de forma impulsiva e ingênua, o que a torna o grande contra-ponto desse herói sem esperança e que acaba inserindo energia no seu vagaroso metabolismo.
Batman o Cavaleiro das Trevas é possível ser lida por qualquer leitor desde que ele saiba de um detalhe dos quadrinhos do herói: o segundo Robin, Jason Todd, foi assassinado pelo Coringa, o que ampliou muito o sentimento de culpa de Batman além de estabelecer um elemento pessoal no seu antagonismo com o Coringa. Considerando isso, o gibi é uma excekente leitura que é fechada em si. Além disso, a história foi uma das referências usadas no filme Batman vs Superman, se você não gostou do filme, não se preocupe, a regra é que o gibi é sempre melhor do que os filmes.
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