ESSE TEXTO CONTÉM SPOILERS
Em 2019 chega ao Brasil o Casamento do Batman e Mulher Gato, porém não há como comentar sobre essa edição especial sem comentar sobre o arco anterior O Padrinho, por isso esse texto pretende unir numa resenha só as duas histórias.
O Coringa soube (não se sabe como) que o Batman iria casar e resolve checar se isso era realmente verdadeiro, para isso, ele invade o casamento onde mata algumas pessoas causando terror até o Batman aparecer para impedi-lo. Após ativar uma bomba no autar da igreja, Batman e o Coringa ficam atordoados e esse é o gatilho para que a Mulher-Gato entre no lugar ainda que tenha sido orientada pelo Morcego a ficar lá fora. Com o Batman indisponível, a vilã vai tomar satisfação com o palhaço do crime à unha.
Nesse arco, o roteirista Tom King foca-se nos diálogos para mostrar a insanidade do vilão. Não há muitos acontecimentos, toda a história se passa em alguns minutos e tudo se resume ao monólogo do Coringa com a sua dose de humor mórbido. O desenhista Mikel Janin faz um excelente trabalho nas "caras e bocas" do vilão que nos distrai enquanto os atos insanos nos surpreende. Numa história como essa, em que o roteirista coloca os acontecimentos em segundo plano, espera-se que os diálogos sejam muito bem construídos, que é o que não acontece. A maior parte do tempo, as piadas são bobas e a história parece não render. A segunda parte do arco com a Mulher-Gato, todo o aspecto cômico se mantém, até quando a Mulher-Gato rasga a garganta do Coringa que atira no abdômen dela, ambos tampam como pode a passagem de sangue o que os impede de matar um ao outro.
Em seguida, os dois voltam a conversar e o Coringa num momento de suposta lucidez utiliza da argumentação de que esse casamento não deveria acontecer, já que o Batman existe para aplacar o sofrimento do Bruce Wayne. Tom King escreve assim uma das falas desse momento: "Ele não pode ser feliz e ser o Batman." Nesse momento, o Coringa tenta fazer um último sacrifício para matá-la mas enfraquecido com o ferimento, o assassino desmaia. Batman aparece e explica para uma debilitada Selina Kyle que o vilão não conseguiu o que queria, nesse momento ele solta uma sonora gargalhada.
O grande dia chega em seguida e a Gata Negra parece estar recuperada do encontro com o Coringa e entusiasmada para casar. Apesar da frustração de casar com um milionário e ter uma cerimônia em cima de um telhado com cinco pessoas, tudo parece finalmente iria chegar ao clímax. Isso até a sua madrinha Holly Hobinson comentar que Batman precisa da tristeza para ser quem é, exatamente as palavras que o Coringa usou? Coincidência???? Até poderia ser se o último quadrinho não fosse o Bane recebendo a Holly e dizendo "O Batman está quebrado." O roteirista Tom King readapta essa cena dos anos 90 para mostrar que essa NÃO é uma edição solta mas é um gancho para a história maior que Tom King vem contando para o Homem Morcego.
Nessa edição, vários desenhistas de estilos variados foram convidados para fazer as páginas de quadro único em que de um lado a gente lia recordatórios referentes a pensamentos do Batman e de outro lado referentes a Mulher Gato, uma ótima seleção que homenageia bem o personagem pelos seus 80 anos. Aliás toda a narrativa dessa edição é dividida de um lado pelo ponto de vista do Batman e do outro pelo ponto de vista da Mulher-Gato, o que funciona muito bem. O que faltou, entretanto foi a construção de argumentos que tornasse esse momento mais emocionante; com exceção da escolha do Alfred como testemunha e do momento em que a Mulher Gato decide não casar, a história em si conta mais com a surpresa do final do que com a emoção das palavras.
O Casamento do Batman com a Mulher-Gato gerou muita decepção, já que o roteirista passou meses vendendo isso como o maior acontecimento do ano. De início ficou parecendo aqueles programas ruins de auditório em que o apresentador passa horas falando que há uma surpresa dentro da caixa e no final a caixa está vazia. Eu vi a situação de uma forma diferente, o não casamento é a situação chave para uma grande história e, por isso, eu só posso classificar como bom ou ruim só após saber o final. As histórias foram escritas por Tom King e desenhadas por Mikel Janin (o casamento contou com desenhos de vários convidados o da última imagem foi o Lee Bermejo)
O arco O Padrinho e a edição o Casamento do Batman com a Mulher Gato foram publicados em 2019 na revista mensal do Batman números 25 e 26 e não recomendo que devam ser lidas a partir daqui. Logo abaixo eu coloco uns links dos arcos mais importantes publicados antes desse e que precisam ser lidos. Se a história em si não vale a pena ser lida em separado, as homenagens dos desenhistas aos personagens é outra história, os desenhos são lindos e foram muito bem selecionados se você não está colecionando, as artes oodem ser um motivo para a aquisição desse gibi.
Batman - A Guerra das Piadas e das Charadas
Batman e Flash - O Bóton
Batman - Eu Sou Bane
Batman - Eu Sou Suicida
Batman - A Noite dos Homens Monstro
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