Essa é a segunda Graphic MSP (o selo adulto dos personagens do Maurício de Sousa) com o Piteco. A primeira aventura denominada Ingá foi lançada em 2013 e foi escrita e desenhada por Shiko. O atual lançamento foi batizado de Fogo e traz como artista Eduardo Ferigato que fez o roteiro e os desenhos. Contudo fique tranquilo, mesmo que a história aproveite alguns elementos da edição anterior do Piteco, é possível compreender lendo apenas esse livro como é a proposta das Graphic Novel.
Thala é uma adolescente e filha do Piteco, o líder da tribo. A sua ascendência em si carrega um peso já que, ela tem a liderança do pai como referência e para sobreviver, é necessário coragem e astúcia para enfrentar os diversos perigos que uma era pré-histórica possui. As eras passam, mas os adolescentes são os mesmos, Thala questiona os modos de caçar do pai e tenta resolver tudo a sua maneira e sempre quebrando a cara. Até que um dia a vila é invadida pela tribo de Fir, que sequestra os homens da tribo do Piteco.
A partir dai segue-se uma sequência de aventura de ritmo frenético em que a força em si não é o suficiente para a solução do conflito, a inteligência vai ser a arma mais forte para o enfrentamento de uma invasão surpresa. Se o uso da inteligência é um elemento atípico para um enredo jurássico, o papel das mulheres na história é bem diferente daquelas que ficam paradas esperando levar uma paulada na cabeça, como nas histórias clássicas dos gibis. A defesa da tribo é cabe a todos independentes do gênero.
Durante a leitura, eu fiquei dividido em ser levado pelo ritmo da narrativa e a curiosidade sobre como os personagens chegariam a sulução e parar para apreciar os detalhes dos desenhos. Eduardo Ferigato tem um traço bem trabalhado e que têm vários destaques tais como o movimento da cena, a arquitetura da aldeia de Fir e a sua indumentária, as páginas duplas e os momentos de terror com os dinossauros. Um outro destaque que contribui ao traço são as cores de Marcelo Costa, logo na capa já dá pra sentir o impacto. Ainda que seja uma época em que não havia relógios, é possível indentificar a passagem do tempo pelas cores: a manhã, o final da tarde com aquele céu meio vermelho, meio róseo e a noite quando só é possível perceber as sombras dos inimigos. Há uma cena em particular que me deixou embasbacado, a iluminação de parte de uma gruta pela luz do Sol, nesse momento as cores acrescentam muito aos desenhos, se impondo na narrativa.
Piteco Fogo é uma história em que você precisa ficar atento a cada quadro já que a narrativa é tão redondinha que tudo o que está ali acaba sendo aproveitado em algum momento da história. Uma história recomendada a todas as idades, sem muita complicação. O fato de além da aventura em si o enredo também tratar do conflito de gerações, faz com que a história se conecte com pessoas de idades diversas, o que acaba conectando uma história ambientada no passado com um contexto atual. Além disso é um quadrinho que merece ser lido pelo menos duas vezes, uma vez para se levar pelo ritmo da história e uma seguinte apenas para ir apreciando os elementos da arte. Então, esqueça a ideia limitada de "Ah, mas eu não gostava muito das histórias do Piteco quando criança!" e se permita devorar essa aventura.
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