Zero Hora a crise no tempo da DC dos anos 90


No Final dos Tempos, o Senhor do Tempo é assassinado, inicia-se uma crise que assola o tempo do último segundo do futuro e retrocede a caminho do presente. Para impedir isso, Metron, um novo deus de Apokolips, decide intervir com os seus conhecimentos com a ajuda dos heróis da Terra. Enquanto isso, Tempus e os Homens Lineares percebem que todo o tempo corre risco e, em busca de informações, descobrem que uma crise anterior ocorreu mas que ninguém se lembra, a Crise nas Infinitas Terras.

Para quem não leu a mini-série na época em que foi lançada, é preciso elucidar algumas informações, principalmente para quem conheceu o Universo DC depois de assistir os seriados do Arrowverse. Os mullests horríveis no Superman que aparece na capa indica que a série ocorre pouco após a sua ressureição, época em que o Batman havia se recuperado da espinha quebrada pelo Bane. Enfim a série se situa bem no meio da fase sem noção da DC que além dessas modificações havia também enlouquecido o Lanterna Verde e amputado o braço do Aquaman, após essa série, outras absurdos são dados prosseguimento como a morte do Arqueiro Verde e a Mulher Maravilha perdendo o posto pra uma guerreira sem noção.

Um outro fato que é de estranhar é uma das figuras de grande importância em Zero Hora: Tempus. Pois é amigos, diferente de Legends of Tomorrow, Tempus NÃO é uma nave, mas um herói que tem a habilidafe de navegar pelo tempo e se conectar com o provável futuro de alguém por um toque. Tempus faz parte dos Homens Lineares, juntamente com Hip Hunter (uma versão de si mesmo mas sem poderes) e Mattew Ryder que evitam que nenhum ser abale as barreiras temporais.

Uma outra situação marcante nessa série é que o Flash engraçadinho que aprendemos a amar da animação e no filme da Liga da Justiça está aqui e aparentemente morre, estou falando de Wally West, já que no universo tradicional da DC, Barry Allen morre em Crise nas Infinitas Terras nos anos 80 e só retorna pouco antes do Ponto de Ignição na década de 10 do Século XXI.

Essa mini-série, na verdade é toda na base do "aparentemente". Dan Jurgens, que a escreve, se preocupa tanto com cenas de impacto que perde a mão com uso de clichês. É um tal de morre e reaparece dentro da mini-série que acaba tirando o entusiasmo do leitor. Esse foco do autor faz com que ele esqueça do enredo central e muitas vezes a sensação é que estamos lendo um arremedo de "copia" e "cola". É bem verdade que várias pequenas cenas são melhor explicada nas revistas mensais dos heróis na época em que foi lançada, contudo isso enfraqueceu o argumento.

A ideia seria homenagear a mini-série Crise nas Infinitas Terras mas centrando com os problemas sobre a cronologia do tempo no Universo DC. Assim ele repete alguns elementos da série dos anos 80, como sumir com mais um Flash, colocar alguns heróis pouco importantes em destaques, criar um clima de que "tudo vai acabar" ... Entretanto para uma homenagem, ficou algo bem mal feito.

Jurgens além de escrever também desenha, uns desenhos bem meia boca como é tipico nessa época. Chega a um ponto da série que ele esquece de vez qualquer cenário e páginas e mais páginas apenas com os heróis e no máximo um fundo colorido.

Para não dizer que eu só falei mal da série, existe algo bom. Após a Crise, realmente a cronologia fica confusa com a Sociedade da Justiça, uma equipe dos anos 40 com heróis que parecem ter 30 anos, aqui eles terminam com 80 anos e pronto! Um outro problema era o Gavião Negro, uma hora ele é da Sociedade da Justiça, uma outra hora ele é de Thanagar, outra hora ele é da Liga, em outro momento era Falcão da Noite. Após essa mini-série a DC começa a procurar uma definição a esse personagem. Um outro aspecto positivo é a linha do tempo que vem como encarte da quarta capa. Ela condensa tanto os acontecimentos que é como se a Crise houvesse ocorrido há 5 anos antes de Zero Hora.

Fora isso, nem o trágico final é considerado depois da saga. A suposta morte que aparece no final é mais um "suposto" e o sumiço do Flash depois inventa-se uma desculpa qualquer para que ele retorne ao Universo. Isso vai muito longe das consequências definitivas de Crise. Zero Hora é uma mini-série que não vale a pena pedir uma republicação com as histórias secundárias, provavelmente viria numa edição de luxo em capa dura, ruim pra ler, custando mais de R$ 150. Um alto preço pra uma grande decepção. Zero Hora foi publicada em 1996 e é tão esquecível quanto os anos 90.


Destaques da obra:
- inicia-se uma definição sobre as várias versões do Gavião Negro/ Falcão da Noite

- a morte e o envelhecimento de vários membros da Sociedade da Justiça

- a definição da cronologia do Universo DC de maneira mais condensada.

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