Grandes Encontros Marvel - O Menino Dourado


Não tem como começar o texto sem mencionar esse título ridículo. Originalmente a revista chama-se Marvel Team Up, mas a Editora Panini resolveu traduzir como Grandes Encontros Marvel, o nome é tão ruim que eles não usam em lugar nenhum da revista na primeira edição em que foi publicada (Universo Marvel 7 de 2006), um título utilizado meramente pra divulgar o lançamento. Apesar disso, a ideia da revista é ótima: numa cidade cheia de heróis como Nova York é natural que eles andem se esbarrando por aí, assim enquanto um herói investiga algo, um outro está por ali e acaba entrando na confusão.

Nesse primeiro arco "O Menino Dourado", Peter Parker vive a sua vida de ser um professor que sempre chega atrasado na escola. No meio a pausa para o café, uma briga de alunos no pátio atrai a sua atenção. Não teria ser como algo rotineiro sendo no universo Marvel, o garoto mostra ter poderes e foge no meio da confusão. Homem-Aranha vai atrás dele e na hora que ele começa a ter alguma explicação do nervosinho aparece um Wolverine do nada com as garras pra fora, o mutante foi enviado por Ciclope para buscar o garoto e o Carcaju-sem-noção pula em cima dele. Lá se vai o Aranha ter que acalmar as duas "crianças".  O Aranha leva o garoto até em casa enquanto o Wolverine está amarrado com as teias com as maos na cabeça. A boa ação do herói o leva a descobrir que na casa dele habita um cadáver, seu próprio pai.
Após um confronto com os heróis, o garoto aparece no deserto e é encontrado pelo Hulk. A partir daí o enredo parece pirar de vez, a narrativa muda o foco do nada para o Doutor Estranho que pra variar sente um perigo enorme se aproximando e um Doutor Destino aparece todo esquisito no Edifício Baxter, quartel general do Quarteto Fantástico, logo o Mago Supremo aparece lá. Em meio a toda essa concisão, um ser observa tudo e parece estar manipulando todos esses heróis: Titannus.

Eu particularmente não sei quando o conceito de múltiplas Terras foi introduzido na Marvel. Eu sei que aqui o conceito norteia os acontecimentos. Robert Kirkman assina os argumentos e na sua trajetória dentro da Marvel, ele explorou bastante as realidades alternativas. Já que falei do argumento vale destacar o quanto é bom. Aqui há grandes sacadas de humor entre os heróis, isso mesclado a uma ação que prende a atenção do leitor. Apesar da revista envolver um grande número de personagens, Kirkman soube administrar bem as aparições. Um outro destaque é como ele sabe mesclar o universo mutante e não mutante que costuma estar cada um no seu quadrado.

Os desenhos de Scott Kolins casa com o ritmo aventuresco do gibi. Se em encontro de heróis a gente gosta de ver as cenas massaveio, aqui tem um monte. No Brasil foram publicados esse arco e mais um apenas. Não sei o que aconteceu se a revista se perdeu ou se não havia espaço devido a proximidade com as grandes sagas. Esse arco é ótimo de se ler e é uma pena não ser possível ler no Brasil toda a trama que os autores imaginaram. Criar uma revista envolvendo inúmeros personagens da Marvel realmente é um risco desnecessário, a não ser que o autor tenha em mente os acontecimentos do começo ao fim. Marvel Team Up poderia funcionar perfeitamente com arcos fechados sem nenhuma relação entre si. Com autores tendo como tema o encontro inusitado de personagens. Quem sabe ocorra! As ideias costumam ser cíclicas.

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