Mas quadrinhos não é coisa de menino?


Esse é um questionamento que deve passar pela cabeça de muita gente quando vê algum link desse blog. Se você é adulto e gostou de algo inspirado em personagens de histórias em quadrinhos, isso já é o suficiente para a negativa dessa pergunta, porém há outros motivos.

As histórias em quadrinhos faz parte da nona arte e como qualquer manifestação artística tem suas obras voltadas para os mais diversificados públicos entre crianças, jovens e adultos. Por isso, se você for pai ou dono de livraria, não carregue esse preconceito consigo expondo às crianças um material que não é voltado para elas.

Will Eisner, afim de convencer aos seus financiadores esse tipo de argumento, divulgou o termo "romance gráfico ou graphic novel". Hoje o seu nome é conhecido mundialmente por levar aos quadrinhos um teor literário, por isso, a mais conhecida premiação sobre quadrinhos leva o seu nome.

No Brasil, essa aceitação já é percebida a ponto de o maior premiação literária brasileira já contar com categorias da nona arte. A empresa que mais vende quadrinhos nacionais, a Maurício de Sousa Produções, hoje conta com obras voltadas exclusivamente para o público adulto.

Se formos considerar a história, isso sempre ocorreu. Nos EUA, revista em quadrinhos são chamadas de comics, justamente pelo teor cômico da maioria das histórias. Porém ainda dentro do cômico, personagens como Snoop e Mafalda já traz há muito uma crítica social em suas histórias voltadas para o público adulto. Além do cômico, as obras voltadas para adultos contava com o terror e o erotismo.

Com a Segunda Guerra Mundial e as descobertas científicas que a sucederam foram criados inúmeros heróis que foram voltados para as crianças da época. As crianças cresceram e os herois permaneceram, assim procurou-se escrever e adaptar esses personagens a esse público crescido. Suas histórias avançaram em qualidade e complexidade.

A DC, editora que tem como personagens mais conhecidos Batman e Superman, percebeu um crescente interesse nas suas revistas de terror a ponto de lançar um selo próprio para esse público: o selo Vertigo. O selo tem a vantagem de ampliar o universo tradicional da editora, explorando outras histórias em que os personagens não precisam ter poderes e nem interagir com os heróis. Esse selo manteve o público que amadureceu e buscava algo inovador e com a complexidade que a sua experiência exigia. Foi o que funcionou para mim a ponto de eu preferir escolher revistas do selo Vertigo e compre menos do universo DC tradicional. A Marvel também lançou um selo adulto, o Max, porém não conseguiu o mesmo destaque já que acabava utilizando demais os heróis.

A publicação voltada aos adultos salvou da falência editoras como a Image, que como o nome indica, privilegia a Imagem sobre a narração e sobre a inovação. Seus personagens que inicialmente atraíram um grande público, não conseguiram manter o carisma e despencaram nas vendas e sumiram ou foram absolvidos pela DC e pela Marvel. A partir daí, foi com publicações voltadas para adultos que a editora voltou a ter destaque. A Dark Horse, uma editora pouco conhecida, recentemente divulgou uma excelente aquisição entre seus funcionários: a editora Karen Berger. Ela é a editora que estava presente quando os títulos de terror da DC transformaram no selo Vertigo e editou os maiores clássicos desse selo: Sandman, Preacher,  Hellblazer e outros.

Os quadrinhos é um género literário que conta com o respeito dos seus leitores e elogios cada vez maiores da crítica. Se você é um amante das letras mas não conhece autores dos quadrinhos, então o seu conhecimento ainda está incompleto. Eu espero que as HQs seja reconhecida dentro das academias, nos cursos de Letras e Arte a ponto de ter disciplinas específicas sobre o assunto, mas até lá continuarei garimpando e divulgando hqs.

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